Texto por: Joana Söt

Black Country, New Road não é uma banda fácil de entender. É daquelas bandas que te lembram os dias enfurnados em casa na frente da tela do computador na sua infância, só que agora em busca de respostas e conspirações sobre os membros da banda, a respeito das letras enigmáticas, de histórias contadas pela metade, e principalmente do por quê os jovens ingleses são tão talentosos quando o assunto é fazer música melancólica.

Nessa pequena (mas significativa lista), me esforcei para trazer aos leitores do Mad Sound o melhor que BCNR tem a oferecer – em termos de tristeza, nostalgia, e essência daquilo que sempre procuramos na juventude e nem sequer sabemos o nome. Vamos lá:

“Bread Song

    Um dos melhores jeitos de ouvir BCNR é procurar sempre imaginar cenários conforme as músicas acontecem. É essa uma das muitas delícias que a banda e a presença do ex-vocalista Isaac Wood nos proporcionaram em Ants From Up There: a liberdade para imaginar. No meio dessa viagem, “Bread Song” é um grito por afeto em meio ao caos: são as migalhas que tanto incomodam, é a distância, o wi-fi e tudo aquilo que o rodeia dentro de um espaço, dentro de um espaço e outro espaço depois. Na infinitude existe um sinal que não atravessa todas as paredes, parece. 

    O instrumental fica ainda mais absurdo na progressão desta obra de arte de 6 minutos e 21 segundos, aquecendo quartos e queimando tudo que encontra pela frente. Não há ferrolhos que segurem o amor jovem.

    Basketball Shoes

    Oh, I haven’t felt this way in, like, ever / I am the convo you are the weather” 

    Uma vez conversando com um amigo (provavelmente o outro maior fã de BCNR que eu conheço além de mim), chegamos a conclusão de que Ants From Up There tem uma progressão similar a um ataque relâmpago de pânico, onde o ápice acontece em “Basketball Shoes”. O peito arde, os olhos enchem-se de lágrimas por conta da intensidade da coisa toda, e a voz de Isaac Wood invade nossa alma tal qual um anjo angustiado por pisar na terra após uma vida nas nuvens. Para mim, essa música é um abraço apertado em um amigo distante após anos de saudade em um ambiente aconchegante e familiar. E vocês?

    Track X

    “Track X” é provavelmente a minha música favorita da vida no momento. Os acordes e o coral presentes nessa música traduzem um sentimento que eu não sei nomear, mas que se manifesta em lágrimas quando os olhos encontram uma vista tão linda que palavra alguma consegue manifestar a grandiosidade de um momento. Recomendo ouvir 3x em repeat para maiores resultados desse delírio inconsciente.

    “Opus

    Pelo violino de Georgia Ellery percebe-se a tensão e ansiedade que se aproximam. “Opus” é o grito da juventude pelas escolhas que mais tarde ocasionaram na saída do vocalista da banda. É nessa música que percebemos o arrependimento do artista em expor sua vida e sentimentos para o mundo, escancarando algo pessoal para julgamento externo e nos fazendo questionar a infinitude de tudo. Nem mesmo os melhores momentos vivem para sempre.

    “Turbines/Pigs

    A única música que você vai ouvir no show da banda na passagem pelo Brasil. Isso mesmo: por respeito ao ex-integrante Isaac, os 6 amigos e integrantes que tocam na banda muito provavelmente seguirão com o padrão visto nos últimos concertos, apresentando apenas as músicas do último álbum ‘Live From Bush Hall. O impressionante é a capacidade de uma banda formada por integrantes tão jovens (entre 21 e 24 anos aproximadamente) de se reinventarem após uma ruptura tão brutal quanto a saída de Wood do grupo. Mesmo assim, seguimos animades para a apresentação explosiva do BCNR no C6 Fest em maio: Será no meio das árvores do Ibirapuera que nossos sonhos se realizarão em melodias tão perfeitamente arranjadas que nem os passarinhos acreditarão?

    Extras para se aprofundar na banda: 

    Live from Bush Hall Completo

    Live from the Queen Elizabeth Hall’

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