Se 2020 se tornou o ano mais próximo do fim que o mundo moderno já experenciou, para a britânica Arlo Parks, aos 20 anos recém completados, a vida, mesmo com seus tropeços e rasteiras, vale a pena, e ela está apenas está começando.

Colecionar como fãs assumidas nomes que integram ídolos da nova geração como Hayley Williams e Billie Eilish já no primeiro disco, o celebrado Collapsed In Sunbeams, não é resultado de um caso de sorte digno de estrela cadente. Arlo traz, em 12 faixas que passam como uma viagem de carro no final da tarde sem hora para a chegada, elementos sonoros e temáticos que só uma jovem que aprende com habilidade a ouvir os amigos e, mais do que isso, ouvir os próprios sentimentos, poderia proporcionar com tamanha proximidade e conforto ao ouvinte.

Carregando influências da música alternativa e pop atual como a nostalgia R&B de Frank Ocean em “Green Eyes” e o amor pela poesia e o spoken word de Lana Del Rey em “Hurt”, a artista compartilha com o mundo conselhos, aprendizados e histórias enfrentadas por elas e aqueles que ama, fundindo os relatos com traços do neo-soul e até do reggae, transformando as dores do crescimento em passos a serem dados com calma e, se possível, em boa companhia (e trilha sonora).

Além de nos estender a mão como uma fiel amiga, Arlo, uma mulher preta bissexual que carrega com orgulho, mesmo tão nova, sua verdade sonoramente e em suas histórias, se torna um espelho de tantas outras como ela, inspirando e refletindo a criatividade e sensibilidade de uma carreira que não está nem perto de acabar de nos encantar e abraçar.