O rapper Zudizilla retornou, após três anos sem novos lançamentos, com o álbum Zulu Vol. 2: De Cesar a Cristo. Estreando dia 15 de março, o disco veio em conjunto a um projeto audiovisual, o curta-metragem inédito que levou o nome de Vozes do Silêncio

O álbum do rapper de Pelotas, Rio Grande Do Sul, foi uma produção própria, com uma seleção de beatmakers e participações. Grandes nomes da cena, como Emicida, Coruja BC1 e Joabe Reis deixaram suas marcas no álbum de 12 faixas. Entre as referências estéticas que guiaram Zudizilla na concepção deste disco, ele também destaca “Don L, Racionais, Kendrick Lamar, Jack Kerouac e Lima Barreto

Zulu Vol. 2 também se tornou parte da trilha sonora original do curta, que estreou poucos dias antes, no dia 9 de março, dando espaço para abrir o caminho para a vinda do disco algo intrínseca a ele.

O projeto completo contou com recursos do edital Natura Musical 2020 via Pró-cultura RS LIC.

Como se não fosse suficiente fazer a produzir o álbum novo, Zudizilla também escreveu o roteiro de Vozes do Silêncio, enquanto a direção foi realizada por Kaya Rodrigues e Luis Ferreirah. O filme traz uma reflexão sobre a identidade negra gaúcha, de forma sensível mas muito clara sobre a percepção de não pertencimento, implementada pelo racismo estrutural e a história do Estado. 

Entre as referências utilizadas por Zudizilla para realizar o projeto audiovisual, está presente o livro de Agostinho Dalla Vecchia, de mesmo nome do curta, assim como a pesquisadora gaúcha Winnie Bueno, criadora da Winnieteca, uma iniciativa que promove a conexão de pessoas negras com a literatura.

“Esse trabalho nasce de uma vontade de registrar audiovisualmente a existência, resistência e permanência do povo preto no território Sul Riograndense”, afirmou Zudizilla. 

Já a respeito do disco, a temática principal continua a mesma do curta, mas agora de forma mais pessoal e íntima, pois Zudizilla retrata suas próprias experiências, do seu próprio jeito.

Em outros momentos do álbum, ele também descreve sonhos, futuros e esperanças, buscando direcionamento para encontrar novos começos e amores. 

“Pensando na linha do tempo da saga, o volume 1 tratava de uma dúvida [a partir] de um não lugar, e o 2 fala de quem chegou em algum lugar mas que ele é insuficiente para sanar toda a problemática no seu entorno. Isso se reflete em todas as minhas relações, e cada uma delas está descrita no decorrer do álbum”, comenta o rapper.

Em Zulu Vol.2, o ouvinte passeia pelos cantos e lugares escondidos em Pelotas, explora territórios enquanto é marcado emocionalmente pela narração de Zudizilla. 

Ele conta que “metade do álbum veio do sul comigo, assim também vem o fim dessa ópera moderna, digamos assim. A saga Zulu sempre foi pensada para ter 3 atos bem definidos, é uma saga do herói, comum em gibis e desenhos de ação, mas trago o protagonista sendo um homem preto do Rio Grande do Sul em busca de algum lugar (zulu vol 1) e da forma que for (zulu vol 2)”.

Confira Zulu Vol. 2: De Cesar a Cristo, e em seguida Vozes do Silêncio.

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