Com o avanço do post-hardcore em relação aos subgêneros, Eidola mantém tudo bem simples e na zona de conforto em seu quarto álbum, The Architect. O disco traz 12 canções de rock progressivo com elementos do metal e math rock, com uma ambientação melódica mística e até etérea, similar ao que já havia sido feito pela banda.

Eidola já tem costume de experimentar novas técnicas e diferentes velocidades para suas músicas. A banda sempre se destacou no mundo do metal, entregando qualidade com vocais que se movem entre o expressivo e melódico, inspirado majoritariamente nos grupos do início da década de 2000, para grunhidos e gritos guturais agressivos. Em The Architect, a banda combina um pop doce com instrumentação pesada de metal e hardcore. 

Existe uma complexidade padronizada dentro do disco. A mesma técnica é utilizada de novo e de novo, como uma fórmula que a banda encontrou para criar consistência. O risco desse tipo de decisão é uma repetição que vaza de uma canção para a outra, que deixa um ouvinte casual confuso onde começa e onde acaba uma música. “Hidden Worship” e “Counterfeit Shrines”, apesar de notavelmente diferentes uma da outra, passam desavisadas por alguém que ainda não conhece o repertório da banda. 

Mesmo assim, a faixa “Caustic Prayer” mostra o lado pop cativante de Eidola com o vocalista Andrew Wells demonstrando uma raiva silenciosa com a sensação de estar sozinho contra o mundo inteiro. Já na seguinte, “Empty Gardens”, dá para ver a mistura entre os gritos e o melódico com a leveza dos vocais de Wells.

O álbum conta com interlúdios para separar determinados momentos. Após “Occam’s Razor”, com guitarras pesadas, há uma mudança no tom geral da sequência de músicas até então, de forma que a abertura celestial da “Perennial Philosophy”, com piano delicado, é uma adição bem-vinda. O instrumental define melhor uma nova fase para o disco, demonstrado firmemente nas sequências seguintes.

De “Hidden Worship” a “Empty Gardens”, Eidola aponta a pegada mais pop da banda, com menos gritos e mais flexibilidade. Depois disso, a trilogia “Perennial Philosophy”, “Forgotten Tongues” e “Unequivocal Nature”, com notas de cordas, piano e um ambiance acolhedor criam o imaginário de lugares de consolo. Em seguida, com “Alchemist Ascendent”, o segundo interlúdio do disco, há um trecho tenso entre “Elephant Bones” até o final de “Ancient Temperament”, com uma quebra no meio, com “Mutual Fear”. 

Essas três seções mostram que The Architect tem uma história para contar, e definitivamente há começo, meio e fim. E apesar de não parecer extremamente coeso por conta dessas divisões, o álbum trabalha em pequenos padrões, de fácil identificação.

Em geral, The Architect é um álbum técnico e meticuloso, com uma produção limpa feita pela Rise Records, uma gravadora famosa por suas produções de post-hardcore. O maior problema enfrentado é a falta de inovação e movimento da banda em relação ao último álbum de estúdio, To Speak, To Listen, lançado em 2017. A escolha de ir pelo caminho seguro, apesar de confortável, não traz nada de novo para um gênero que não anda muito bem das pernas. É fácil chamar The Architect de “gostosinho” para ouvir, mas não para dizer que ele explora o gênero ou impacta os ouvintes.