Texto por Yannick Sasaki

O Oxigênio Festival sempre promete rock, em todas suas vertentes, e mais uma vez, rock ele trouxe. Com público podendo ver no palco desde o punk até o ska, mantendo o hardcore como sua principal atração, o final de semana com frio e chuva não foi um problema para os fãs que estavam esperando o retorno de algumas bandas aos palcos.

A abertura do festival no sábado ficou nas mãos da banda Refugiadas, paulistanas do punk-rock, com letras cheias de protestos. Já no domingo quem fez esse papel foram os garotos da Uelo, banda de pop punk que com certeza impressionou o público que ainda estava chegando no segundo dia de festival. Como segunda atração, a porto-alegrense Lylith Pop trouxe synths misturado com guitarras e um visual impecável no único show realmente prejudicado pela chuva. No domingo a segunda atração do dia foi a banda de indie rock The Zasters.

Nos dois dias de festival o Karaokillers tocou animando o público e dando espaço para cantarem músicas no palco do festival, numa dinâmica divertida que rendeu bons covers. O primeiro dia ainda contou com o rock e hardcore das bandas Molho Negro, Chuva Negra e Colid, formada por ex-integrantes da banda mineira Pense. O público de domingo teve o hardcore de Zander, além do pop rock da Hevo 84 e Leela.

As novidades de domingo ficaram para um show muito bom da BAD LUV, banda formada por nomes conhecidos na cena como Gee Rocha (Nx Zero) e Johnny Bonafé (ex-Glória), contou com a estreia de Bruno Tubino (Marrakesh) nos vocais, que encaixou perfeitamente com a sonoridade da banda. No palco coberto a banda Putz, que conta com Cyro Sampaio (Menores Atos) nas guitarras, também fez um show muito bom. 

Mia e Day Limns também se apresentaram enquanto a chuva insistia em cair. A antiga vocalista da extinta banda CW7 tocou algumas canções conhecidas pelo público presente e aproveitou para também mostrar novidades, além de um belo cover de Paramore. Day Limns, que vem crescendo na cena, tendo tocado em alguns dos grandes festivais do país, aproveitou mais uma vez para entregar um show cheio de energia e cantar suas composições no palco do Oxigênio Festival.

No sábado e no domingo, o retorno aos palcos mais esperado visivelmente era o do Rancore (em hiato desde 2014), e esse reencontro fez com que os fãs trouxessem toda energia caótica que existia em um show da banda no Hangar 110 para o Oxigênio Festival. Um grande moshpit tomou conta da parte central da pista e lá a roda ficou até o último acorde do show. A cada música tocada, o público parecia cada vez mais cheio de fôlego, usando esse fôlego pra cantar a todo pulmão, rodando no moshpit enquanto o Rancore tocava uma pedrada atrás da outra no palco do festival. Com setlist misturando os dois álbuns de estúdio muito importantes para a cena do hardcore nacional, Liberta (2008) e Seiva (2011), a banda fez dois shows memoráveis.

Mais um retorno aos palcos aconteceu no festival, Blind Pigs, a maior referência do punk rock nacional se reuniu para trazer um showzaço com participação especial de Badauí (CPM 22), em apresentação histórica, não pareciam sequer terem cessado as atividades da banda em 2016, com tantos shows e tanto tempo de carreira é claro que a sintonia e os protestos da banda de street punk ficaram na memória do público presente. Ainda tivemos a volta do Granada, que com “Erros em comum” e “Manipulação” fez encher de lágrimas os olhos de alguns fãs ali presentes, que há muito esperavam a formação original tocando junto novamente.

No sábado o Oxigênio Festival trouxe o The Slackers com seu ska tradicional, voltando a se apresentar no Brasil, já tendo tocado por aqui em várias oportunidades, inclusive animando nosso Carnaval em 2012. A banda realmente gosta de estar por aqui e isso ficou visível em sua apresentação. A banda do ABC Paulista, Sapo Banjo, referência do ska nacional, também marcou presença no festival, mostrando a grande variedade sonora de vertentes do rock em mais uma edição do festival. 

O festival contou com os gigantes do Dead Fish, um dos maiores nomes do hardcore nacional celebrando 32 anos de banda, em um show sem tempo pra respirar, onde não foi possível achar um ápice. O Dead Fish mostrou, mais uma vez, hardcore frenético tocando desde músicas mais antigas até músicas presentes no álbum mais recente Ponto Cego (2019), na faixa “Sangue nas Mãos” Rodrigo Lima dedicou a música a ex-presidente Dilma Roussef, vociferando a vergonha e raiva com o golpe orquestrado em 2013.

Nas atrações internacionais, tivemos o post-hardcore do cantor canadense Jonny Craig, que já emprestou sua voz ao Emarosa, Slaves, Dance Gavin Dance e Ghost Runner on Third, cantando sucessos de suas ex-bandas e músicas que lançou em sua carreira solo. O encerramento do primeiro dia ficou por conta do Samiam, passeando do pop punk ao post-hardcore, com letras cheias de elementos do emocore, com indagações sobre as próprias emoções humanas, a banda encerrou o sábado com uma apresentação impecável. Já no domingo quem fechou o festival foi o deathcore do Chelsea Grin, que tocou pela primeira vez em terras tupiniquins, com um show pesado encerrou o festival como ele começou: cheio de energia, cheio de oxigênio.

Ano que vem tem mais, anota aí já que a edição de 2024 já teve suas datas reveladas: 24 e 25 de agosto. Enquanto isso, confira abaixo o registro do Oxigênio Festival 2023 da nossa fotógrafa Marcela Lorenzetti.