No último domingo, 17, a banda britânica Placebo trouxe à capital paulista o único show em solo brasileiro da turnê do disco Never Let Me Go, lançado em 2022. O reencontro dos fãs, com Brian Molko e Stefan Olsdal, depois de 10 anos, ocorreu no palco do Espaço Unimed.
O ato de abertura ficou a cargo do duo, também britânico, Big Special. O vocalista Joe Hicklin e o baterista Callum Moloneyl, mesmo anunciados poucas semanas antes da data do show, entregaram um ótimo repertório, com uma performance intensa, que pareceu animar o público para o que estava por vir. Ao fim da apresentação, se despediram ao som dos gritos da plateia.
Alguns minutos antes da atração da noite, como já é de costume desde 2022, o Placebo reforçou o pedido para o público não fotografar ou filmar durante a performance. Mesmo que não tenha sido completamente acatada, a iniciativa permitiu uma visão bem mais limpa do palco, sem telas de celulares bloqueando a visão, proporcionando uma atmosfera muito diferente do habitual nos shows atuais.
Se a falta de músicas dos álbuns anteriores na setlist chegou a preocupar os fãs, esse sentimento foi prontamente esquecido logo na primeira faixa da performance, “Forever Chemicals”, – e substituído por um êxtase intenso, prolongado pela chegada de “Beautiful James”, o enérgico, primeiro single de Never Let Me Go. De fato, muitos clássicos ficaram de fora, mas foram compensados com uma dedicação impecável dos artistas em entregar a melhor versão possível das faixas novas para o público.
Transformando um momento do show normalmente mais triste em uma celebração, Brian dedicou “Happy Birthday in the Sky” ao guitarrista Bill Lloyd, da banda de apoio do Placebo, que fazia aniversário no dia. O vocalista ainda arriscou no português ao pedir uma “salva de palmas” para o amigo. Na sequência, emplacaram “Bionic”, canção do disco de estreia do grupo, que resgatou a animação de quem até agora desconhecia as composições recentes.
A partir da segunda metade da apresentação, a escolha de músicas agradou mais os entusiastas dos álbuns anteriores. A sequência nostálgica de “For What It’s Worth”, “Slave to the Wage”, “Song to Say Goodbye”, “The Bitter End” e “Infra-red” foi definitivamente o ponto alto do show. Era difícil não ceder ao entusiasmo da plateia, que se renovava a cada primeiro acorde reconhecido.
Para encerrar a noite de domingo, escolheram a clássica sedutora “Taste in Man” para iniciar a trinca do bis, alternando com a recente “Fix Yourself” e finalizando com o célebre cover da canção de Kate Bush, “Running Up That Hill (A Deal with God)”.
O grande destaque da apresentação – além da capacidade da banda em tornar um álbum mediano em excepcional cantado ao vivo, dedicando atenção aos fãs, interagindo e tocando explosivamente –, fica para a paixão da plateia, que mostrou a que veio e estava preparada para cantar a plenos pulmões qualquer canção escolhida.
Placebo provou que sabe como montar um espetáculo, e entendeu muito bem a fórmula para um bom show: confiança no repertório e um público apaixonado.