Texto por Carol Candido

O Mother Mother no seu capítulo de luto, abre os serviços repetindo “nobody escapes” (ninguém escapa), com um nada sutil amém para Satã. A banda canadense, que viralizou no TikTok graças aos vídeos com a música “Hayloft”, mostra toda a sua energia e poder criativo nesse último lançamento.

Com melodias animadas e letras mórbidas, o grupo de indie rock lançou em fevereiro o seu mais recente trabalho, intitulado de Grief Chapter (capítulo de luto), o grupo propõe uma viagem, por dentro do eu da forma animada que já é marca da banda. Formada pelos canadenses Ryan Guldemond (guitarra e voz), Molly Guldemond e Jasmin Parkin (voz e teclado),  Ali Siadat (bateria) e Mike Young (baixo), e este é o seu nono álbum de estúdio.

Após um animado “Amem Satan!” o álbum prossegue com uma animada música falando sobre uma viagem interna, uma viagem de volta ao início, “através da escuridão das partes do meu corpo”, indo de volta ao seu amor, e, com um breve interlúdio somos inseridos na mais animada e mais dançante “Explode!”, essa que explode com um bom riff de guitarra. “Explode!” realmente é uma explosão, a letra rápida fala justamente sobre a rapidez, sobre como consumimos rapidamente nossas obsessões, como passamos rápido por tudo que adoramos, até que um dia simplesmente EXPLODIMOS até não ter mais nada.

Após tanta energia, a banda nos leva para um momento mais calmo, seguimos com “Hard Shrink” uma música mais lenta, em reflexão sobre uma conversa com o psiquiatra acerca de tudo que sentimos, e como sentimos isso no nosso corpo, “it’s just too hard” (é muito difícil) de consertar tudo, mas tem que começar, e talvez esteja tudo somente na nossa cabeça? E aí pensamos em como nossa mente reflete nos nossos sentimentos, como esse momento de luto pode ser sobre uma perda de nós mesmos dentro do nosso eu.

Mas nós temos dias e dias, e a música “Days” fala sobre momentos que poderíamos cair, mas seguimos e aprendemos a nos levantar. Seguindo esse momento introspectivo, a banda propõe um momento íntimo em “Forever” depois desses dias difíceis, aprendemos a sangrar, aprendemos a gritar, aprendemos a morrer em busca do “pra sempre”.

Voltamos para um ritmo mais frenético em “Normalize”, questionando o que é normal, e esse é um dos sons que melhor exemplifica o poder criativo do grupo, a letra e o ritmo, as variações de tempos dentro da música é a essência da criatividade do Mother Mother, afinal nada melhor do que uma música tão distinta para perguntar “O que é normal?”. “I’m so happy and sad always” (eu sou tão feliz e tão triste sempre),  o interlúdio de “Goddamn Staying Power” traz essa dualidade, que nos leva para dentro de “The Matrix”.

As letras do grupo não deixam dúvidas sobre o que está sendo discutido são as fases e momentos de uma depressão, o luto trata sobre perda, e o que é pior do que a perda de si mesmo? Seguindo para “God’s Plan” a banda dá lugar às formas humanas mais marginalizadas da sociedade, esse é o ser humano na sua forma mais natural, a humanidade é feia e tudo isso faz parte do plano de Deus.

“End of Me” é o penúltimo som desse capítulo de luto, nesse episódio a letra fala sobre um funeral e levanta o questionamento, todos ali amam aquela pessoa que está no seu fim? Ela foi realmente tão incrível como todos se lembram ou era somente mais uma como todos os outros? O fim não é tão belo como romanticamente nos lembramos, de quem um dia esteve no que acreditamos ser a sua melhor forma.

O capítulo final desse luto fica por conta da música “Grief Chapter”, com uma intro lenta ao som de um violão, a banda fala que tudo é diferente agora. “The future, an intruder” (O futuro é um intruso), aprendemos com esse capítulo, com essa fase, “It’s just the old grief chapter” (é apenas o velho capitulo de luto) e tudo é diferente agora, a lição foi vivida junto com o Mother Mother.

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