TWICE (Nayeon, Jeongyeon, Momo, Sana, Jihyo, Mina, Dahyun, Chaeyoung e Tzuyu), um dos grupos femininos de K-pop mais conhecidos do mundo, entregou seu terceiro full album, Formula of Love: O+T=<3. Além de extremamente populares e consideradas o carro chefe da terceira geração do gênero, elas são atualmente o girl group mais antigo da JYP Entertainment, casa também de ITZY e Stray Kids

Ano passado, em rápida review de final de ano, Eyes Wide Open, o segundo full de TWICE foi considerado um dos melhores lançamentos entre grupos femininos de 2020. No período, escrevi o que até agora acredito ser a mais pura verdade.

“Com o passar dos anos, TWICE se transformou como grupo. Desde o intenso viral de “Cheer Up” até “More & More”, muito (e eu realmente quero dizer muito) mudou. Mas não de uma vez. Não com um impacto profundo. De pouquinho a pouquinho, a JYP Entertainment foi alterando a direção sonora do grupo para um novo caminho sem assustar ninguém. Ninguém vive de conceito fofo pra sempre, principalmente depois que não tem mais menor de idade no grupo para carregar o aegyo nas costas. Eyes Wide Open é a culminância perfeita de TWICE no tom maduro que elas sempre mereceram.” 

Desde 2019, TWICE experimentou diversas vezes com tipos diferentes de conceitos para achar algo que se tornasse a nova assinatura. “Fancy” e “Feel Special” introduziram o novo gosto pela transformação musical das artistas, “Can’t Stop Me” voltou synthwave 80s inspired clássico da empresa de entretenimento, a vibe retrô queridinha e no começo de 2021, “Alcohol Free”, no conceito verão mais tranquilão e adulto. 

Com a nova title track, “Scientist”, retorna ao nome do álbum e afirma com certeza: não há fórmula para o amor, e por mais que pareça contraintuitivo, se apoiar nos próprios sentimentos é a única resposta certa. A fundação da canção é feita com a linha de baixo consistente, mas se apoia muito mais nos vocais, na habilidade e talento do grupo, para trazer uma cor e ânimo para a música. Se fosse qualquer outro grupo de K-pop cantando, a faixa seria uma b-side e não seria nem metade do que ela é com TWICE. A falta de aspectos interessantes torna “Scientist” uma title morna. 

Em compensação, praticamente todas as outras faixas do álbum são muito mais complexas, mais trabalhadas (tanto nas melodias como nas letras) e dão um tom mais colorido e expressivo, digno para TWICE. O único problema se encontra no que mencionei sobre Eyes Wide Open: ao encontrarem o tom maduro perfeito, Formula of Love dá uma impressão forte de estagnação. 

“Moonlight”, cantada exclusivamente em inglês, poderia ter saído do álbum Future Nostalgia, da Dua Lipa. O aspecto do retro fever é recorrente no álbum, até demais. Aqui, numa vibe mais verão, a canção tem o papel de mostrar a evolução constante do grupo em relação ao inglês e o apelo ao mercado americano. Com “Icon”, as letras de confiança exacerbada reforçam mais ainda a ideia do girl crush, o conceito favorito dos fãs ocidentais. Até o uso de instrumentos de sopro colocados discretamente na faixa adiciona mais uma camada para o público alvo. Isso não é necessariamente ruim, mas é repetitivo do que já é visto por aí. Por outro lado, é impossível não se impressionar com a linha “Damn, I got it, I’m iconic”, se você é um ouvinte assíduo de TWICE desde 2015.

“Cruel”, “F.I.L.A (Fall in Love Again)” e até “Last Waltz” são excelentes fillers, ou seja, canções para preencher espaços vazios no álbum. Todas as mencionadas são sobre exatamente a mesma coisa: términos de relacionamentos. As duas primeiras, escritas por Dahyun e Nayeon, respectivamente, contam histórias mais tristes. Já a última fala sobre criar um final feliz perfeito, sem dor. Em particular, “F.I.L.A” é mais uma que poderia ter saído do Future Nostalgia. Se o ouvinte prestar bem atenção, dá para ouvir um pedacinho da sample da canção “Levitating”. 

Em todo caso, em conjunto com “Moonlight”, a tríplice mostra um lado novo de TWICE que pode ser difícil de enxergar sem ouvir os primeiros lançamentos do grupo: um avanço absurdo e muito bem recebido do desenvolvimento vocal das integrantes. Pela primeira vez, é perceptível e ao que parece, foi encorajado, o low range de membros como Sana, Chaeyoung e Tzuyu. Sem ignorar, é claro, as notas altíssimas em falsetto feitas com maestria por muitas delas. 

Outra questão importantíssima do álbum foi “The Feels”, lançada como single anteriormente nos Estados Unidos. É a primeira vez que TWICE faz isso. A atitude levou o grupo a estrear na Billboard Hot 100. Cantada totalmente em inglês, “The Feels” teve uma recepção incrível pelo público americano, portanto, considerada um sucesso estratégico.

Por fim, a melhor surpresa de Formula of Love foi o segmento específico para subunits. Esse era um pedido feito há anos pelos fãs, que parece ter demorado demais para chegar, mas antes tarde do que nunca. A primeira, “Push and pull”, é a 80s inspired cantada por Sana, Jihyo e Dahyun. A música fala sobre fazer joguinho com alguém e tentar manter o controle sobre a relação. Em seguida, “Hello”, cantada por Nayeon, Momo e Chaeyoung, é a urban hip hop de plantão. Já “1, 3, 2”, cantada por Jeongyeon, Mina e Tzuyu, quase se encaixa no gênero latin music, com letras que falam sobre estar sempre à frente do fluxo natural da pessoa amada, mas não conseguir mudar.

Formula of Love: O+T=<3 é uma caixinha de surpresas para fãs antigos e novos, com diversos gêneros musicais para serem apreciados. Com o talento das nove integrantes, o álbum alcançou novos patamares para o que será esperado no sétimo ano de TWICE. Enquanto alguns fãs podem se preocupar com o que vai ser daqui pra frente, TWICE encoraja seus ouvintes a aproveitar o momento e apreciar todos os tipos de histórias de amor que elas podem oferecer.

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