Por: Nando Machado

Às vezes me pergunto: como um país como a Inglaterra é capaz de formar tantas boas bandas de rock and roll desde os anos 1960? Como um país (relativamente pequeno) pode ser responsável por muitos dos maiores nomes da música de todos os tempos? Mas, após ter a oportunidade de experienciar um festival como o Camden Rocks, fica fácil responder: o rock e a música são intrínsecos à cultura britânica.

No dia 2 de junho, participei pela segunda vez do evento. Na primeira, em 2015, conheci o festival após entrevistar o ex-Sex Pistols Glen Matlock (ouça aqui o podcast publicado pelo Wikimetal). O músico me convidou para assistir ao show da banda do filho dele, Dead, e desde então me apaixonei pelo Camden Rocks.

A emoção deste ano foi semelhante a que senti na última edição, assim como a mecânica que vivi no evento. Tudo começou em um dos pubs mais conhecidos do bairro de Camden, o The World’s End (localizado em cima de um dos antros do metal em Londres, o Underworld). Com a pulseira dada no bar, era possível ter acesso a 20 outras casas de show, entre pubs e baladas. Em cada um desses lugares, havia uma programação com dez bandas, uma por hora, das 12h às 22h.

A primeira banda que assisti foi o Elsewhere, recém contratada pelo selo Marshall Records. O grupo se apresentou no The Good Mixer, local importante para a história do brit pop (gênero eternizado por bandas como Oasis e Blur), e também famoso por abrigar Amy Winehouse quando a cantora queria fugir dos paparazzis.

Na sequência, escolhi uma banda de heavy metal, o Via Dolorosa, no The Devonshire Arms. Depois, fui ao The Hawley Arms assistir à performance dos indies Sophie and The Giants. Apesar das diferenças musicais, os shows traziam três características em comum: bandas jovens, set list 100% autoral e um público extremamente engajado.

Entre a programação extensa, três destaques foram o Press to Meco, trio de Londres que já tem um EP e dois discos — Here’s to the Fatigue (2018), Good Intent (2015) e Affinity (2013) –, e um som pesado, complexo e original; a dupla REWS, que tem uma sonoridade mais pop e esbanja competência e carisma; e Longy & The Gospel Trash, que traz excelentes músicos na formação.

John Lydon, também conhecido como Johnny Rotten, tomou conta do Electric Ballroom para comandar o principal show do dia. O Public Image Limited, PIL, não decepcionou a casa lotada, com uma mistura de punk com eletrônico, som dançante de pegada agressiva que fez com que os fãs se estapeassem, gerando algumas confusões e deixando os seguranças preocupados.

Essa efervescência cultural faz com que o Camden Rocks seja um dos eventos essenciais no mundo para os amantes de música. É uma amostra do interesse da capital britânica em incentivar a produção autoral e em dar espaço para os novos talentos. Se você quiser já começar a se programar, a oitava edição do festival já está confirmada para 2019. Mais informações sobre ingressos e sobre como inscrever sua banda no line-up estão no site oficial.

Abaixo, veja uma galeria de fotos do festival.

Alvarez Kings
Beatsteaks
Elsewhere
Longy & the Gospel Trash
PIL
PIL
Press to Meco
REWS
Sophie and the Giants
Via Dolorosa
previous arrow
next arrow
 
Categorias: Notícias Resenhas