Maria Mazzotta é uma das vozes mais versáteis na cena musical da região de Apúlia, na Itália. Com um trabalho extremamente dedicado e respeitoso a culturas diferentes, Maria tem um foco específico na música balcã, apoiada por uma pesquisa meticulosa sobre as características vocais que diferenciam muito as várias culturas que nela se encontram.

Ela se move de maneira natural e contínua dos sons do sul da Itália para as inflexões da música dos balcãs, e cativa o público com sua interpretação sincera enquanto os carrega enquanto mergulha nas culturas das músicas interpretadas.

Maria começou a estudar piano quando criança no conservatório Tito Schipa em Lecce, e em 1998 teve seu primeiro encontro com as canções da tradição da região de Salento ouvindo as fontes originais e participando ativamente na revisitação e renascimento desse tipo de música.

A artista buscou se aprofundar no conhecimento de várias técnicas vocais: com Sayeeduddin Dagar, uma das mais conhecidas cantoras indianas de Dhrupad, e com Bobby McFerrin, que a escolheu para fazer um dueto na edição de 2008 do “Bari in Jazz”.

De 2000 a 2015, Maria Mazzotta fez parte da Canzoniere Grecanico Salentino, banda com a qual gravou seis álbuns, participando em alguns dos mais importantes festivais internacionais de world music.

Se apaixonou pela música balcânica e aos 21 anos deu início a sua jornada a uma pesquisa musical. Através de vários músicos orientais de diferentes nacionalidades (gregos, albaneses, macedônios e croatas, romenos e búlgaros que conheceu durante seus numerosos concertos), começou a parceria com o violoncelista albanês Redi Hasa, que se completou com a fusão de uma simbiose musical-cultural da qual surgiu a dupla “Hasa-Mazzotta”.

Um dos seus lançamentos mais recentes, o álbum Amoreamaro (Amor Amargo) é uma reflexão intensa e apaixonada, do ponto de vista feminino, sobre as várias faces do amor: do amor maior ao mais desesperado e muito terno, e do tipo que se torna doentio ao possessivo e abusivo. 

Com dez faixas ao todo, as faixas fluem sem medo por todas as emoções possíveis. A música se torna um veículo de catarse, consolo, força e como “cura”, tão típica de tradição popular. 

Eles vão desde pequenas cantigas a canções tradicionais rearranjadas e enriquecidas com novos sons e palavras, até os marcos que abriram o caminho da grande canção italiana como “Lu pisci Spada” de Domenico Modugno, “Tu non mi piaci più”, com sucesso de Gabriella Ferri, e “Rosa canta e cunta” da grande cantora e compositora siciliana Rosa Balistreri.

Entretanto, o coração do álbum pode ser encontrado nas duas obras inéditas cantadas no dialeto da área de Salento: “Nu me lassare”, uma balada dolorosa dedicada ao amor, um lamento suplicante aos que já não existem; e na faixa-título “Amoreamaro”, no estilo de música pizzica, que também é uma dança, há um ritmo tradicionalmente tocado para curar o “tarantolato” (mulheres que foram supostamente mordidas por uma aranha tarântula que se pensava causar uma forma de comportamento histérico) que idealmente visa curar um mundo doente.

*Maria Mazzotta participou da Semana Internacional de Música (SIM), que aconteceu entre os dias 1 e 5 de dezembro em São Paulo.

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