Lauren Jauregui teve só 1 hora para enfeitiçar o público de São Paulo. A ex-integrante do Fifth Harmony enfrentou problemas com sua gravadora durante a carreira solo e ainda tem um repertório pequeno, formado pelo EP Prelude (2021) – lançado de forma independente – e vários singles avulsos. Entre eles, os populares “Expectations” e “More Than That”.

Não faz mal que a setlist seja pequena. Lauren é gigante. Sem banda para acompanhá-la, ela passa a maior parte do tempo sozinha no palco, preenchendo o vazio com uma voz potente, postura confiante e coreografias sensuais. Qualquer outro elemento pareceria uma distração do verdadeiro espetáculo: ela.

Não é qualquer artista que consegue sustentar a maior parte de um show inteiro completamente sozinha. Mesmo com palco pequeno e uma montagem simples — praticamente apenas jogos de luz –, o show feito por Lauren é algo profundamente hipnotizante do primeiro ao último minuto. 

A cantora conta com duas excelentes bailarinas para auxiliá-la em algumas das canções e as três executam coreografias que reproduzem teatralmente as histórias de conflitos internos, sexo e decepções amorosas contadas por Lauren em suas músicas. A representação cheia de sentimentos e a entrega por parte do trio transforma a noite em um show não só de música ao vivo, mas da dança enquanto condutora de emoções e contadora de histórias — algo muito além das coreografias criadas apenas para preencher espaço ou distrair os olhos. 

Cantando, Lauren Jauregui é uma atração à parte. Quando não está preenchendo o instrumental com coreografias sensuais que fazem os fãs berrar, ela solta a voz com tamanha entrega e carga emocional que não é difícil entender por que não é preciso recorrer a nenhum elemento complementar no palco. A descarga crua de sentimentos e a conexão olho no olho com a plateia são o suficiente e o mais importante.

Com capacidade para 3 mil pessoas, a Audio ficou pequena para o barulho feito pelos fãs que encheram a casa. A plateia fervorosa cantava cada palavra das músicas, impressionando até a própria Lauren. A cantora falou mais de uma vez, em tom de admiração e surpresa, que não conseguia se ouvir – e por vezes também foi difícil ouvir ela. Emocionada com a recepção dos fãs, ela repetia um “te amo, São Paulo” em português sempre que podia. 

Os únicos momentos de (quase) silêncio vieram a pedido da própria Lauren quando ela cantou as músicas inéditas “Trust Issues” e “Emotions”. Nenhuma das faixas foi lançada até o momento, mas ambas seguem uma linha clássica nas composições independentes de Jauregui, trazendo letras vulneráveis e sinceras sobre os aspectos mais profundos de sua personalidade; nesse caso, problemas de confiança e empatia excessiva. “Eu sinto demais,” repete desesperadamente em “Emotions”, quase como um pedido de ajuda.

Ao se despedir depois de uma hora exata de performance, a sensação que Lauren deixou foi de pouco tempo em sua presença, mas não de pouco recebimento. A noite com certeza passou rápido para os fãs que esperaram tantos anos para vê-la, mas também proporcionou uma experiência completa: a de prestigiar uma artista muito maior do que a indústria fonográfica a permite ser.

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