Utilizada para classificar drogas psicoativas, uma substância empatógena é aquela que produz efeitos de empatia, conexão emocional, harmonia e compreensão. É também a tradução literal para empathogen, título de Willow para o sétimo e mais recente álbum.

Ainda repetindo temas como ancestralidade e autoconhecimento, já tratados em sua discografia, neste lançamento Willow aos poucos se liberta das influências pop-punk da adolescência para mergulhar no jazz fusion. Em busca de sonoridades mais maduras e até então pouco exploradas pela artista, ela demonstra toda a evolução de sua potência vocal, desafiando as próprias habilidades de composição.

O álbum abre com a faixa “home”, produzida em parceria com o cantor, compositor e pianista vencedor do Grammy Jon Batiste. Juntos, o piano de Batiste e a voz de Willow ilustram o caminho que será percorrido ao longo das doze faixas do disco. A cantora e multi-instrumentista St. Vincent é a outra colaboração de destaque no álbum, assinando junto com Willow a produção e composição em “pain for fun”. 

Em mais um trabalho filosófico, Willow versa sobre processos internos de amadurecimento e cura (Against the intrusive thoughts, clarity can’t be bought”), a “morte” do Self, a variedade de emoções experienciadas durante os vinte e poucos (Always wanting something, yearning/Feel indifferent, undeserving/What am I, what am I now?”). As composições apresentam a relação com os elementos da natureza: o fogo, o vento, a terra, os animais, e outras pistas que indicam como fazer as pazes com as angústias internas e as expectativas alheias.

Indo além do que havia demonstrado em alcance, a artista acompanha os acordes dos instrumentos com a voz, como em “ancient girl”, “the fear is not real” e “down”. Se sua intenção nesta obra era mostrar que é uma vocalista notável de sua geração e transmitir o legado ancestral ao se apropriar do jazz, essa missão é concluída com maestria em “b i g f e e l i n g s”, faixa que encerra o álbum. Em apresentação recente no NPR Tiny Desk, os vocais de Willow parecem ainda mais potentes ao vivo:

Como todo(a) nepo baby, Willow sentiu a pressão do sobrenome Smith, o “fardo” que é ser filha de dois pais famosos e mundialmente conhecidos. Isso poderia deixá-la confortável demais para se arriscar, mas apesar disso, felizmente seu talento falou mais alto: ela sabe que não precisa mais provar nada para ninguém. É evidente que Willow têm acessos que a maioria dos artistas independentes de sua idade não têm, mas isso não diminui a qualidade de sua obra – pelo contrário. Em empathogen, Willow mostra que sabe muito bem onde alocar seus recursos, com letras que geram identificação e conforto principalmente a outras mulheres jovens como ela.

Sobre empatia, ela declarou à Flaunt Magazine: “Sinto que é uma energia profunda que quero trazer ao mundo porque não a vemos muito. E sinto que precisamos disso. Precisamos de empatia, precisamos de compaixão.”

Tags:
Categorias: Álbum da Semana