Elliot Moss retorna após 4 anos com How I Feel, disco de inéditas em que canaliza toda sua bagagem como produtor ao entregar um trabalho de onze faixas que transitam por momentos vulneráveis e pessoais da sua vida.

Moss, estadunidense de 30 anos, cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista, traz em How I Feel uma mudança objetiva em relação ao seu trabalho de estreia Highspeeds (2015) e seu sucessor A Change in Diet (2020), que tinham a proposta de serem mais minimalistas e cinematográficos.

Agora, notam-se texturas e instrumentais cada vez mais marcantes e refinados, acompanhadas por riffs de guitarras e piano, salientando suas dores individuais em um trabalho de 40 minutos de duração.

Essas dores podem ser testemunhadas em canções como a já conhecida pelo público “Altitude”, primeiro single lançado em abril de 2023, em que Moss fala sobre a sensação de lidar com a depressão e a faixa “Magic” que fala sobre o tratamento de câncer pelo qual seu pai passou e que poderia deixá-lo com a audição prejudicada.

A segunda faixa do disco “Lazy”, inicia com os vocais densos de Moss e explora como os indivíduos, em muitos momentos, evitam e internalizam seus sentimentos quando são confrontados com suas complexidades emocionais.

Em “Hearts Lose”, uma balada conduzida por uma linha de sintetizadores tímida, e que utiliza de distorção na voz de Moss para indicar o sofrimento do eu lírico, no verso onde canta (And everything else is a blur / Everything else kinda hurts / E todo resto é um borrão / Todo resto ainda dói) em tradução livre, indica de maneira sucinta um coração partido e sem muitas expectativas.

“Everglades” canaliza por elementos e camadas, da bateria programada às notas dos sintetizadores de Moss, todo seu poder como produtor musical ao criar uma atmosfera tão única, muitas vezes sonhadora e mágica, mas que também carrega uma potente mensagem em seus versos.

Em “Like I Love You” Elliot soa vulnerável e próximo do ouvinte, seja por sua produção mais minimalista embalada pela progressão de acordes tocada ao piano, seja por versos tantas vezes reais quando se está numa desilusão amorosa.

A faixa-título é acompanhada pelos beats insaciáveis de Moss, a famosa linha de piano apresentada anteriormente, e um saxofone muitas vezes tímido mas que tem seu ápice e momento de brilhar nos minutos finais da canção.

“Magic” e “For Keeps” são as surpresas de How I Feel. Seja por suas temáticas líricas dolorosas, seja pela ambientação e passeio entre as influências de rock, tornando ambas as canções em hinos que facilmente poderíamos escutar nas rádios pelas décadas de 1990 e 2000. Tal ambientação pode ser encontrada em músicas recentes como “Happier Than Ever”, de Billie Eilish, e a delirante “I Know the End”, de Phoebe Bridgers.

“I’ll Drive” e “Down With A Fight” passeiam numa atmosfera semelhante, não por acaso estão em sequência. O carro ligado na primeira faixa continua navegando antes mesmo do refrão da segunda iniciar. Versos de intimidade, desilusões e arrependimentos são ecoados pelas faixas. Além de sua letra otimista “New Year’s Light”, conta com o retorno da guitarra e o saxofone apresentados em faixas passadas, resultando numa bela e coesa finalização de álbum.

How I Feel (2024) foi disponibilizado pelo selo Nettwerk Music em 16 de fevereiro, e conta com produção de Moss, Peter Denenberg e Damian Taylor, este último que já trabalhou com nomes como Arcade Fire e Björk, e de acordo com Elliot foi uma força criativa de peso para o novo projeto.

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