Texto por Lucca Magro

O Bastille tomou conta do pequeno Tokio Marine Hall, em São Paulo, na noite de sexta-feira, 9, com Give me the Future + Dreams of The Past, disco eletrizante que expande a música indie para seu mais alto nível – distante do genérico pop-rock já esperado em discografias de grupos ingleses da mesma toada -, e colocou o público inteiro para dançar sua mensagem de confiança e esperança por um futuro melhor.

A banda abriu com “Stay Awake?”, um dos maiores sucessos do novo disco. A performance foi energética o suficiente para causar gritos histéricos da plateia, que almejava um show do grupo no país desde sua participação no Lollapalooza de 2015. Com a faixa encerrada, foi iniciado um storytelling pelo telão do palco, que contava a história de uma empresa fictícia de nome Future Inc.

Para evidenciar que algo estava em narração, o vocalista Dan Smith – que estava impecável durante o show -, deitou em um divã e iniciou um processo de “carregamento de experiências”. Para isso, a dançante canção “Distorted Light Beam” foi performada. A partir daí, algo curioso passou a acontecer: Smith, incomodado com o volume do microfone, ou do retorno, fazia sinais para alguém do backstage arrumar o problema – inclusive, durante “Distorted Light Beam”, o vocalista parecia nitidamente irritado com esse problema.

Apesar da situação, entretanto, o Bastille encantou o público com um ato dançante e carismático, que conciliou tanto os fãs do álbum novo, quanto dos lançamentos antigos – destaque para “Things We Lost in the Fire”, “Good Grief”, “Those Nights” e “Plug In…”, essa que veio acompanhada de uma cirúrgica crítica ao descaso com o meio ambiente na letra, que era transmitida em simultâneo no telão. 

Mas foi em “Happier” – parceria do grupo com o DJ Marshmello -, que o vocalista tomou para si o público: Smith desceu do palco, passou pela área da pista premium e foi direto a pista comum, e cantou junto ao público, com direito a fãs gritando no microfone a letra. Foi um momento surreal e encantador.

Esse espetáculo entregue pelo grupo permite entender o porquê de sua base de fãs ser tão fiel, e a banda não parou: com direito a bilhetes pescados pelo vocalista, bandeiras levantadas no palco e um fofíssimo pedido de casamento, o Bastille mostra que é possível ser uma banda acessível e igualmente imponente. 

A noite prosseguiu com as dançantes “Run Into Trouble”, parceria do conjunto com o DJ Alok, “Of The Night” e “Shut Off the Lights”. Durante cada uma delas, não foi possível ver alguém na plateia parado. Antes de fechar, foi feita uma performance intimista da canção “Hope For The Future”, com um importante discurso de proteção ambiental em sua abertura, além da bandeira “SALVE A AMAZÔNIA” estampada pelo baterista Chris Woody.

Para finalizar o emocionante set de pouco mais de duas horas, Smith abriu a faixa “Pompeii” – seu maior hit -, e os sucessos “Warmth”, Oblivion” e “Million Pieces”. O público berrava o famoso grito do fenômeno enquanto batia palmas, e a banda performou com tamanho gosto que, ao encerrar a apresentação, a plateia permaneceu em coral enquanto os membros se retiravam. Com tudo isso, o Bastille trouxe um importante ensino de preservação, respeito e esperança que aqueceu os fãs na noite de sexta-feira.

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