Harry Styles iniciou a parte brasileira da Love On Tour debaixo de muita chuva. A cidade de São Paulo recebeu o cantor pela primeira vez em 4 anos de maneira muito calorosa e apaixonada, não se deixando abalar pela chuva que caiu ininterruptamente durante os 90 minutos de show.

Em sua última passagem por São Paulo, em 2018, Harry Styles se apresentou pela primeira vez como artista solo em um Espaço das Américas lotado. A casa de show com capacidade para 8 mil pessoas ficou pequena demais para o sucesso crescente do cantor e a demanda se transformou em uma turnê de estádio apenas um ano depois. 

Prevista para acontecer em 2020, a Love On Tour foi adiada por conta da pandemia de COVID-19. Na época, a intenção de Styles era promover seu segundo álbum de estúdio, Fine Line (2019), mas o tempo em isolamento rendeu um terceiro disco, Harry’s House (2022), e os fãs receberam um repertório ainda mais diversificado na noite de terça-feira, 06, focado nas faixas desses dois álbuns.

Se em 2020 a demanda já era surpreendente, o sucesso do hit “As It Was” consagrou Harry Styles como um dos artistas mais procurados no Brasil. O que deveria ser apenas uma noite no Allianz Parque em São Paulo se transformou em três datas na cidade, com as próximas acontecendo nos dias 13 e 14 de dezembro. As duas datas extras irão encerrar a passagem do cantor pela América Latina e também sua agenda de shows de 2022. Além de São Paulo, Styles marca presença também nas cidades do Rio de Janeiro e Curitiba, passando uma semana completa em território brasileiro.

Na noite de terça-feira, o artista conseguiu presenciar de perto a dedicação de seus fãs. O público do Allianz recebeu com muito entusiasmo a cantora jamaicana Koffee, que fez um excelente show de abertura, mesmo com a chuva caindo forte durante seu set. Os fãs que buscaram abrigo dentro do estádio em um primeiro momento logo entenderam que seria impossível escapar do aguaceiro se quisessem ver Harry Styles de perto e a pista encheu rapidamente conforme o horário do cantor entrar se aproximava.

Mesmo com o clima desfavorável, a maior parte do público não se abalou. No exterior, os shows de Harry Styles se tornaram conhecidos pelo verdadeiro desfile de moda criado por seus fãs, que aproveitam a ocasião para se vestirem com plumas coloridas e roupas holográficas, usando a ocasião como um momento de absoluta auto expressão. Em São Paulo não foi diferente. Entre capas de chuva era possível distinguir figurinos cuidadosamente planejados e maquiagens feitas em tons neon. Muitos fãs também aproveitaram a playlist pré-show para dançar na chuva com sucessos como “Best Song Ever”, da One Direction, e “Bohemian Rhapsody”, do Queen, que fez todo mundo cantar.

Quando Styles entrou no palco cantando “Music For a Sushi Restaurant”, de seu novo álbum, ficou claro que, pelo menos por um tempo, o verdadeiro protagonismo da performance ficaria com seus fãs. Não só porque a plateia cantava alto todas as letras, mas também porque, em um primeiro momento, o artista pareceu estar mais introspectivo, cantando com os olhos caídos, trazendo uma energia mais baixa do que o esperado para uma de suas canções mais cacofônicas e animadas. Ele também pareceu ter um pequeno problema com o volume do microfone e de seu retorno, o que pode ter influenciado no início da performance.

A energia não tão alta de Styles se manteve mesmo em alguns de seus sucessos mais agitados, como “Golden” e “Cinema”. Em um primeiro momento, o cantor pareceu se conter um pouco e não fez imediatamente os passos de dança que são favoritos dos fãs, mas andou até a passarela descoberta e garantiu que ficaria na chuva para acompanhar o público. Em canções que foram gravadas em estúdio com alcance vocal mais alto, como “Adore You”, Styles altera levemente o tom e a melodia para cantar mais confortavelmente de um local mais baixo. Ele também se mostrou atento e preocupado com o bem-estar do público, pausando o show algumas vezes para ajudar pessoas que pareciam estar passando mal.

A mudança de humor do cantor veio com uma surpresa que os fãs preparam em “Keep Driving”. A plateia levantava e abaixava as luzes do celular no ritmo da música, criando um lindo efeito visual que emocionou o artista. Styles agradeceu a surpresa e pareceu se sentir mais confortável depois desse apoio que recebeu do público. Ele cantou a soturna “She” de maneira sóbria, mostrando dificuldades para encontrar o tom do refrão, e foi para a passarela cantar a delicada e tocante “Matilda”, que trouxe lágrimas aos olhos da plateia. Como grande favorita dos fãs, ela ecoou em milhares de vozes pelo estádio.

Energizado pela chuva e pelo carinho do público, Harry Styles se soltou completamente em “Lights Up” e “Satellite” e começou a finalmente mostrar seus passos de dança. O cantor pulou durante o refrão agitado desta última, interagiu com os fãs, sorriu e deu tchauzinhos. A canção encerrou a primeira parte da setlist. A partir daí, iniciou-se uma verdadeira festa.

Com o apoio de sua incrível banda, que hoje é mais completa do que no início de sua carreira, contando com tecladista e percussionista, Styles montou novos arranjos para as três músicas que vieram a seguir. “Canyon Moon” ganhou uma versão mais rica que remete ao samba, deixando para trás a simplicidade da versão de estúdio no ukulele. “Treat People With Kindness” recebeu uma roupagem mais oitentista, com um groove delicioso de se ouvir ao vivo, e a clássica “What Makes You Beautiful” perdeu os sintetizadores para se transformar em algo mais orgânico, guiado pela bateria.

O final da setlist foi repleto de grandes sucessos atuais e mais antigos de sua carreira, como “Late Night Talking”, “Watermelon Sugar” e “Sign Of The Times”. Apesar do sucesso de “As It Was”, Styles ainda encerra seus shows com a canção de hard rock “Kiwi”, uma das duas únicas faixas de seu primeiro disco que foram inseridas no set. 

O Harry Styles que veio a São Paulo em 2022 é bastante diferente daquele de 2018, mas, de muitas maneiras, também o mesmo. Hoje o cantor parece estar mais confortável no palco, tem uma banda mais completa, se sente mais à vontade para dançar sem inibições e segue entregando novas canções de qualidade cada vez melhor. O que não mudou, entretanto, foi o amor dele pelo público e o do público por ele. 

O modo como a plateia recebe os ex-integrantes da One Direction em seus shows solo no Brasil é, até hoje, incomparável ao público de qualquer outro artista. Existe uma dedicação completa em não só assistir ao show, mas fazê-lo acontecer junto com os cantores de forma ativa – guiar o espetáculo tanto quanto quem está no palco. Essa dinâmica viva entre público e artista faz toda a diferença, especialmente em um show de estádio. A experiência consegue abranger até mesmo os setores mais afastados e todos sentem que estão fazendo parte de algo.

Passada a fase inicial de adaptação, Harry Styles se derreteu em sorrisos para São Paulo durante todo o restante de seu show e agradeceu o apoio dos fãs que o acompanham, seja há poucos meses ou “há 12 anos”, demonstrando ainda grande respeito pelo início de sua carreira na One Direction. Ao fim da noite de terça-feira, ele fez a cidade se apaixonar por ele e por sua banda, e o sentimento foi claramente mútuo. O Allianz fez grande estardalhaço enquanto o cantor apresentava integrante por integrante de sua equipe no palco e todos abriram grandes sorrisos, especialmente a baterista Sarah Jones, que foi a mais aclamada. O percussionista Pauli Lovejoy também rouba a cena em vários momentos no palco, sempre dançando, sorrindo e esbanjando carisma.

No primeiro dia de sua passagem pelo Brasil, Harry Styles fez juz ao nome de sua turnê e entregou um show cujo ingrediente principal foi o amor.

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