Uma combinação de Brasil com Austrália pode soar inesperada. Seja pelos milhares de quilômetros entre os dois países, pela grande diferença de horário ou até mesmo pela diferença entre as culturas. Mas, na verdade, são países com muito em comum.

Ultrapassando barreiras e preconceitos, a banda King in the Belly destaca aquilo que há de melhor na cena musical destes dois extremos do mapa. Formada por Ted Bertoloni (vocalista e guitarrista), Vinicius Boareto (bateria), Diogo Silverio (guitarrista) e pelo australiano Luke Kiernan (baixista), o grupo explora uma sonoridade única e especial.

“A cena de rock independente vem crescendo no Brasil”, fala Luke em uma entrevista exclusiva ao Mad Sound. “Explorar o desconhecido, ou uma mistura de sonoridades do seu gosto pessoal é sensacional para quem está afim de desbravar algo diferente.” E é exatamente isso o que eles têm feito por aqui.

O grupo se prepara para lançar o primeiro disco da carreira e já conquistou seu espaço no mundo da música. Apesar de estar baseada nas terras tupiniquins, King in the Belly também cravou seu nome em países de língua inglesa e seu sucesso não parece seguir um caminho singular.

Pensando no novo disco, Luke conta que tiveram influências de todos os lados da cena atual. “Estamos em um ‘caso de amor’ profundo com Alabama Shakes. Todos nós”, ele conta. “Outra influência talvez tenha sido Jack White e, em especial, seu trabalho com o The Raconteurs. A maneira espetacular como eles introduzem os efeitos sonoros dentro das músicas e o modo como exploram todos os instrumentos no estúdio nos deixam maravilhados”.

E toda essa mistura faz com que o grupo traga um “som underground dos anos 1990 pra cá e uma pitada bem pequena dos anos 1970, que por vezes é impossível de se desvincular”, segundo o baixista.

Com o lançamento do disco de estreia se aproximando – a previsão é que saia no segundo semestre de 2018 – eles lançaram o single “Intimate Strangers”. “A música foi inspirada em um caso de polícia que aconteceu em 2016 na Austrália e abalou o país. Um indivíduo conheceu uma mulher no Tinder, os dois foram para o seu apartamento e, após muita bebida e sexo, entraram em uma briga, até que após ser agressivamente atacado, ele a trancou para fora da varanda. A mulher tentou descer para o apartamento de baixo, acabou caindo e morrendo.”

Um assunto intenso e, infelizmente, recorrente, mas Luke afirma que a música que fazem é sobre o cotidiano. “[O álbum terá] letras baseadas na vida das pessoas e que vão se combinando com melodias um tanto quanto dramáticas. Gostamos de falar sobre a realidade, seja ela bizarra ou não.”

Conhecer alguém pelo Tinder e de lá seguir uma sombria direção é uma história conhecida por muitos. Isso é algo que pode ter acontecido com você, com um amigo, com alguém de sua família ou do seu trabalho, e a banda se posicionou sobre o aplicativo de relacionamentos virtuais.

“Ter um perfil no Tinder ou em qualquer outra rede social e expor suas fotos, seus gostos, seu estilo de vida para pessoas que você não conhece e toda esta relação que temos com o botão ‘block’ nas redes sociais. Foi um pouco desse conflito do “se expor seguramente” que abordamos em ‘Intimate Strangers’.”

O conceito de compor e cantar sobre o cotidiano das pessoas é levado a sério e podemos esperar muito mais disso no disco que o King in the Belly preparou. Ao perguntar qual palavra melhor define a banda, Luke respondeu “intensa.” Mais informações sobre o lançamento devem ser lançadas em breve.

Ouça “Intimate Strangers” abaixo.