Neste sábado, 03, teve início em São Paulo a segunda edição do MITA Festival (Music Is The Answer). A versão paulistana do evento contou com um dia de sol no Novo Anhangabaú, que recebeu estrutura e reforço de policiamento especificamente para o festival.

Longe de se aproximar da vista paradisíaca da versão carioca, o MITA São Paulo acontece no centro da cidade, em meio a prédios comerciais e residenciais, deixando um aspecto de estranheza, quase como se estivéssemos caminhando no meio da rua, além da insegurança com os altos índices de criminalidade na região. Devido à estrutura do evento, iInternautas relataram que conseguiam assistir a todos os shows do lado de fora do festival, inclusive em bares que ficavam ao lado do Novo Anhangabaú.

A escolha do local não favoreceu uma boa ambientação, mas o espaço pequeno permite um rápido deslocamento entre os dois palcos do evento. É possível circular pelo MITA inteiro e não se cansar. A organização do evento, porém, se mostrou despreparada para receber tantas pessoas no dia de sábado. As filas para carregar os cartões Zig usados para consumação levavam de 10 a 20 minutos, enquanto o tempo de espera para fazer e receber um pedido na praça de alimentação podia levar até 40.

Outra razão para descontentamento foi a divisão entre pista e pista premium no Palco Centro. Desde cedo, fãs que se encontravam na grade da pista puxavam cantos de indignação com o grande espaço ocupado pela pista premium, que no começo do dia estava praticamente vazia. O espaço ficou mais cheio conforme o show de Lana Del Rey se aproximava, mas mesmo quem chegou cedo para garantir a grade da pista comum não teve uma boa experiência.

Em relação à line-up, as atrações principais do Palco Centro se mantiveram as mesmas da edição carioca do MITA. As novidades ficaram todas por conta do Palco Deezer, que montou uma line-up nacional de peso trazendo N.I.N.A, Avuá & Rodrigo Alarcon, Duda Beat, Djonga convida BK e Natiruts.

As atrações nacionais foram as grandes estrelas de um dia com line-up principal pouco popular, com destaque especial para Duda Beat e Djonga. Duda Beat entregou um show digno de diva pop, com uma excelente banda ao vivo e balé coreografado. Toda vestida de vermelho, a cantora subiu ao palco com postura confiante e carismática, entregou vocais excelentes e executou várias coreografias, fazendo questão de ressaltar que “aqui nada é playback”. Dando um show de simpatia, Duda montou um show absolutamente orgânico e de energia alta, dando aula de como se fazer uma performance ao vivo.

Djonga levantou a galera cantando alguns de seus principais sucessos e convidou BK para um show de rap animado, explosivo e vibrante, com grande participação da plateia. Esbanjando carisma ao vivo, o artista interagiu com o público e parou várias vezes para ouvir o coro do MITA cantar suas músicas em voz bem alta, além de chamar vários casais no palco durante a música “Leal”.

Além do show de Avuá & Rodrigo Alarcon e a sequência de sucessos do Natiruts que embalaram a galera, um destaque especial do dia foi a cantora N.I.N.A, que abriu os shows do dia no Palco Deezer. Grande aposta do programa Deezer Next, N.I.N.A não deixou a desejar e surpreendeu com muita autenticidade e bom humor. Em meio às suas músicas ela conversava com a plateia como se estivesse cantando para um grupo de amigos, fazendo o público se sentir em casa e rapidamente ganhando a afeição daqueles que não a conheciam.

Já no Palco Centro, o dia começou com o show excelente de Jehnny Beth, mais conhecida por ser vocalista do Savages. Toda vestida de preto, Jehnny trouxe a eletricidade do post punk e noise rock com um show carregado de energia erótica. Com presença de palco admirável e olhar marcante e hipnotizante, a cantora brinca com a voz de diversas maneiras e atrai a atenção da plateia completamente. 

O jazz experimental do BadBadNotGood envolveu a plateia durante a tarde, seguido pela música eletrônica do Flume. Nenhuma das atrações estava muito conectada ao público da principal estrela da noite, Lana Del Rey. De volta ao Brasil pela primeira vez desde 2018, Lana era uma das atrações mais aguardadas dessa segunda edição do MITA e o público de São Paulo saiu do show mais do que satisfeito.

Assim como no Rio de Janeiro, a cantora entrou depois do horário – dessa vez com 30 minutos de atraso -, mas ao contrário do que aconteceu em terras cariocas, a setlist de São Paulo não precisou ser reduzida. Lana entregou um show completo e ainda teve tempo de atender aos pedidos dos fãs e cantar um pouco de “Get Free” e “Cinnamon Girl”.

A cantora se mostrou incrivelmente feliz e satisfeita de estar em terras brasileiras. Mais de uma vez ela se emocionou ao ouvir o público cantando suas canções e mencionou o quanto isso era importante para ela. No palco, o espetáculo montado por Lana é instigante e sedutor. O show é uma construção composta por cenário, telão, luzes, figurinos, trocas de roupa no palco, banda e dançarinos. Tudo se entrelaça e se conversa, contando uma história conceitual no ao vivo, enquanto Lana surpreende com a qualidade impecável de seus vocais.

A cantora enfrentou alguns imprevistos no início de sua performance, como um defeito em seu aparelho de retorno, o que pareceu deixá-la meio incomodada no início, mas logo os problemas foram esquecidos. Mesmo tendo nove álbuns de estúdio, Lana dedicou a maior parte da setlist para músicas de seu álbum mais popular, Born To Die (2012), cantando sucessos como “Ride”, “Summertime Sadness” e “Video Games”. 

Com problemas na organização e ambientação pouco atraente, o MITA ainda precisa de alguns ajustes para proporcionar ao público uma experiência de festival que seja amplamente satisfatória. Em relação à curadoria de artistas, porém, quem gosta de música e de conhecer artistas novos com certeza saiu vitorioso nesse primeiro dia de festival, com a vantagem de poder assistir a todos ou quase todos os shows do evento com tranquilidade e aproveitar a pluralidade de gêneros musicais.

Categorias: Coberturas Notícias