Caixinha de som em mãos, uma jovem de 26 anos e cabelos castanhos parava desconhecidos na rua para perguntar: “Você sabe quem é Bebe Rexha?”. Diante dos rostos confusos com aquele nome diferente, a interlocutora tocava uma música para os desconhecidos antes de se apresentar como a cantora e compositora por trás daquela canção. Quase uma década depois, a agora platinada (no loiro e em vendas) Bebe Rexha é uma hitmaker com toque de Midas, três vezes indicada ao Grammy Awards, acumula bilhões de reproduções no Spotify… E as pessoas ainda não sabem quem ela é. 

Essa contradição na imagem de Bebe enquanto cantora pop é um fenômeno curioso. Se preciso explicar de quem estou falando para amigos, cantarolar o refrão de qualquer um dos muitos sucessos forjados pela voz dela é o suficiente para resolver. É quase impossível encontrar uma pessoa que não tenha ouvido – por vontade própria ou não – algum desses sucessos: com David Guetta, Rexha é a voz em “Hey Mama”, “Say My Name” e o recente viral “I’m Good (Blue)”; “In The Name Of Love” segue como o maior êxito de Martin Garrix; até Britney Spears apresentou “Me, Myself and I” ao lado de G-Eazy, outra pérola produzida por Bebe. E dentre os destaques da própria discografia, temos singles como “I Got You” e “I’m a Mess”, além do country irresistível de “Meant to Be”, parceria com o Florida Georgia Line.

Parece inacreditável que uma cantora com tantos sucessos massivos ainda não tenha o nome reconhecido pelas massas, mas esse é exatamente o caso. E quando Bebe Rexha retornar ao Brasil pela terceira vez, como atração do The Town, em 03 de setembro, é previsível mais uma onda de interesse e reconhecimento por parte do público brasileiro, assim como aconteceu depois do show dela no Rock In Rio de 2019, quando as redes sociais foram inundadas por pessoas surpresas com a descoberta da dona de tantas músicas queridas, inclusive “The Monster”, clássico de Rihanna e Eminem. Por isso, o Mad Sound te convida a redescobrir a carreira e trajetória de Bebe Rexha.

Nova iorquina de ascendência albanesa, Bleta Rexha já sabia desde a adolescência que música seria o caminho da sua vida profissional. Ainda na adolescência, ganhou o concurso de Melhor Compositor Adolescente pela National Academy of Recording Arts & Sciences. Treinada em canto lírico e música clássica, ela abandonou o ensino médio para focar nessa forma alternativa de entrar nessa indústria concorrida: a composição. “Eu não conseguia um contrato com uma gravadora nem para salvar minha vida”, relembrou em vídeo no TikTok. “Eu estava em muitas reuniões com pessoas que não acreditavam em mim de fato, então eu sabia que precisava ser boa na composição e dar minhas músicas para outros artistas”. 

O trabalho como compositora começou a trazer novas oportunidades e conexões. Em 2010, ela conheceu Pete Wentz em uma audição para outra oportunidade. O baixista estava procurando uma voz para uma nova banda após o hiato indefinido do Fall Out Boy e ficou impressionado com o alcance vocal da jovem artista. Por dois anos, ambos lançaram algumas músicas como um grupo de pop alternativo chamado Black Cards, do qual saiu em comum acordo, sem nunca lançar todas as músicas gravadas com o projeto.

Depois de um ano da decisão de seguir enquanto artista solo, Bebe Rexha assinou um contrato com a Warner Music, sem jamais deixar de lado a composição. Com letras pessoais e honestas sobre a própria saúde mental e fracassos em relacionamentos, a artista já demonstrava a versatilidade entre estilos logo na primeira fase da carreira. 

No EP de estreia I Don’t Wanna Grow Up (2015), Rexha misturava elementos do EDM (“I Can’t Stop Drinking About You”, primeiro single solo) e alternativo (“Pray”) com letras e atitudes dignas do pop punk, como em “I’m Gonna Show You Crazy”.

Com ambições de atingir públicos maiores, apesar de estratégias duvidosas por parte da gravadora que acabariam por colaborar com a falta de reconhecimento de Bebe Rexha enquanto uma marca, chegou a era All Your Fault: agora loira e com uma apresentação mais palatável ao pop mainstream, a cantora lançou dois EPs em 2017. Nesse período, ela explorou diferentes singles e sonoridades, passando pelas influências de trap, raggae e country. Desses EPs surgiram os sucessos “I Got You” e “Meant To Be”, aproveitados no tão aguardado álbum de estreia de Bebe. 

O primeiro álbum completo da carreira de Bebe Rexha chegou apenas em 2018. Em Expectations, ela aborda a temática de equilibrar o sonho e a realidade em diversos aspectos da vida pessoal e artística, mais uma vez se mostrando uma compositora pop autêntica e única ao unir com perfeição refrões grandiosos e letras brutalmente honestas.

Em 2021, chegou a vez de Better Mistakes, um álbum mais maduro sonoramente e com mais liberdade criativa do que Bebe parecia desfrutar até o momento. Nesse álbum, ela se volta às origens mais rock n’ roll liricamente em faixas como “Break My Heart Myself”), passando pelo disco intoxicante de “Sacrifice”, mas sem deixar de lado a vulnerabilidade.

Atualmente de volta aos palcos na primeira turnê solo em mais de cinco anos, Bebe Rexha vive a fase de mais leveza e alegria na própria música com o lançamento de Bebe, o terceiro álbum de estúdio, que traz uma seleção de músicas com forma e gosto de sucessos em potencial, do hino maconheiro “Satellite”, com Snoop Dogg, ao country menos nichado de “Seasons”, com Dolly Parton

Aos 33 anos, Bebe Rexha é um caso raro de uma artista pop que acumula sucessos e momentos de destaque na carreira, com versatilidade lírica e vocal impressionantes, dona de um timbre único e uma atitude relacionável, mas que ainda assim não recebe o reconhecimento devido do público. Mas, como ela própria diz: “Se vocês quiserem me conhecer, estarei aqui, sendo honesta, como sempre fiz”. 

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