No último sábado, 16, a união das bandas Terraplana, de Curitiba, e Sophia Chablau E Uma Enorme Perda de Tempo, vindos de São Paulo, permitiu duas triunfantes performances que lotaram o espaço do Basement, casa de shows na capital paranaense, com um público diverso e apaixonado. Há quem foi para ouvir o shoegaze hipnotizador dos primeiros, quem esperava sentir toda a energia do rock elétrico de Sophia Chablau, ou quem aproveitou a oportunidade para viver as emoções variadas que ambas proporcionaram ao longo da noite.

Uma das sensações comuns entre o público, além do entusiasmo, foi certamente o calor. Mas mesmo com termômetros chegando aos 30 graus, não faltou ânimo para curtir as apresentações do começo ao fim — desde a abertura etérea e mais introspectiva de Terraplana até o êxtase do quarteto paulista que elevou ainda mais a temperatura do local, da melhor maneira possível.

A banda curitibana Terraplana, composta pela baixista/vocalista Stephani Heuczuk, pelos guitarristas/vocalistas Vinícius Lourenço e Cassiano Kruchelski e pelo baterista Wendeu Silverio, surgiu emplacando o som atmosférico da canção “olhar para trás”, abrindo os trabalhos para um público já animado. O show também contou com a apresentação de cinco faixas inéditas, que de acordo com a própria banda, ainda não têm um nome definido. 

Mas apesar da inserção de tantas canções ainda desconhecidas pelos fãs, a outra metade do line-up ficou reservada para as que alcançaram grande sucesso nacionalmente, permitindo um coro sincronizado durante as faixas pertencentes ao disco olhar para trás, lançado em 2023 e muito aclamado por entusiastas da cena de shoegaze e dream pop nacional. As escolhidas foram “memórias”, “você”, “me esquecer”, “cais” e “conversas”, sendo essa última o ato final da performance, ou, ao menos, deveria ser. Assim que os instrumentos pararam, o público iniciou, incessantemente, os pedidos por mais uma canção – e foram atendidos. Para o bis, a banda decidiu cantar uma última canção inédita, deixando os presentes com um gostinho do que está por vir no próximo projeto do grupo.

Após um tempo de descanso e uma natural troca de públicos, a casa estava pronta para receber os paulistas da Sophia Chablau E Uma Enorme Perda De Tempo. Além da líder Sophia Chablau, o grupo é formado pelo baixista Téo Serson, pelo guitarrista e tecladista Vicente Tassara e pelo baterista Theo Ceccato. Mesmo com dois anos separando este do último show da banda na cidade, a plateia parecia já estar íntima dos músicos, mas ao mesmo tempo, também esbanjava a euforia de um reencontro muito esperado. 

A primeira faixa a reverberar pelos alto-falantes foi a elétrica “Minha Mãe é Perfeita” – extraída do Música do Esquecimento, álbum mais recente da banda, lançado em 2023 – , acendendo ainda mais a chama de uma plateia já fervorosa. Em seguida, após o contagiante embalo de “Baby Míssil”, o grupo presenteou o público com uma tríade de faixas mais calmas: “Qualquer Canção”, “As Coisas que Não te Ensinam na Faculdade de Filosofia” e “Música do Esquecimento”, que mesmo sendo mais suaves, conseguiram manter o entusiasmo do público em alta.

A melancolia enérgica de “Idas e Vindas do Amor” e o pop ousado de faixas como “Debaixo do Pano”, “Quem Vai Apagar a Luz” e “Delícia/Luxúria” foram capazes de seduzir até mesmo aqueles que não estavam familiarizados com as letras, graças à performance magnética do quarteto – especialmente de Sophia Chablau, cuja energia parecia inesgotável, mesmo sob o calor intenso. 

O último destaque da noite fica para “Segredos”, faixa que marcou o fim da performance – e a tornou inesquecível. Os incentivos da vocalista para que todos chegassem mais perto e emulassem sua energia – com pulos, gritos, danças, ou qualquer movimento que viesse à mente – foram atendidos, resultando em um ambiente ao mesmo tempo eufórico, caótico e absurdamente alegre. 

A fusão das bandas proporcionou um equilíbrio perfeito de estilos. Desde os acordes iniciais até o último bis, mantiveram o público envolvido, demonstrando toda potência da cena independente brasileira.

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