O quarteto curitibano terraplana é a própria definição de shoegaze, trazendo nas músicas um mix de sensações. O grupo formado em 2017 é altamente influenciado pelo slowcore e post-rock e por artistas como My Bloody Valentine, Acetone, Whirr e mais.

A discografia da banda começou a ganhar forma logo no ano de estreia, com o EP Exílio (2017). O projeto marcado pelos vocais introspectivos e instrumentos incisivos foi gravado em casa, contribuindo no aprendizado e experimentação de todo processo de produção.

“Intro” inicia o EP transmitindo uma certa paz que rapidamente é tomada pelas guitarras pesadas em faixas como “Ambedo”, com uma voz quase angelical e sussurrante envolta na melodia, e “Virou Crime”. O ritmo desacelera nas lentas “Lamento” e “Fall”. Tudo isso acompanhado de suaves transições.

Em 2022, terraplana participou da edição comemorativa de 10 anos do Balaclava Fest após vencer o concurso realizado pela Groover. Essa presença no evento fez o grupo assinar com o Balaclava Records. O álbum de estreia olhar para trás (2023), portanto, chegou às plataformas no dia 01 de março. Gravado no Nico’s Studio, o disco conta com a produção de Gustavo Schirmer e mixagem de Nico Braganholo, ambos do Terno Rei e Jovem Dionísio.

Em entrevista ao Hits Perdidos, os curitibanos comentaram sobre o processo de composição: “A gente geralmente começa com uma harmonia, uma sequência de acordes, e depois disso pensamos meio que na letra e na melodia juntas, e testamos a música e compomos outras partes nos ensaios, ver o que funciona melhor e agrada mais a gente”.

“Então gravamos uma demo e a partir disso pensamos no que funciona melhor ou não em questão de estrutura e de timbre. Um processo que fez diferença, também, foi o de tocar a música ao vivo e perceber as coisas que funcionavam ou não no palco. As músicas ‘memórias’ e ‘me esquecer’ são totalmente diferentes das ideias iniciais por causa dessa experiência ao vivo”.

olhar para trás é visivelmente um trabalho mais maduro que reflete sobre frustrações e realizações, dúvidas, acertos e erros do passado. A capa reforça o conceito da autorreflexão ao mostrar um rosto borrado de uma pessoa anônima.

“Quando fazemos as músicas não pensamos em um grande conceito por trás do que estamos escrevendo, as letras acabam saindo de acordo com o que estamos passando ou estamos sendo inspirados no momento. De qualquer forma, acho que destrinchamos mais esse tema da solidão, angústia e auto reflexão. As letras são ambíguas, e apesar de estarem escritas mais em terceira pessoa, podem ser entendidas como o indivíduo falando consigo mesmo, numa busca pela individualização”.

Já na primeira música, de título homônimo, o ouvinte se depara com arranjos mais abertos e vocais mais nítidos. “conversas”, por sua vez, ganhou um videoclipe que exibe, ao som de guitarras estourando, diversos momentos que os integrantes passaram juntos.

A energia alegre de “memórias” cresce com a bateria no refrão e carrega um doce sentimento de nostalgia.

“cais” é sem dúvidas a faixa mais forte de todo álbum. “Vou voltar a morrer por dentro, vou sonhar e engolir o que sinto e sinto a morte aqui perto de mim”, relatam os versos melancólicos.

Durante o mês de marco, terraplana entra em uma mini turnê não só para divulgar o projeto de estreia como para alcançar novos públicos. No último domingo, 12, inclusive, a banda foi responsável pela abertura do show do Deafheaven em São Paulo. Mais informações podem ser encontradas nas redes sociais do grupo.

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