The Killers e Twenty One Pilots deslumbraram São Paulo na primeira edição do festival GP Week, que estreou na cidade no último sábado, 12, no Allianz Parque. Com um line-up alternativo e quase inteiramente internacional, o evento foi realizado na véspera do Grande Prêmio da Fórmula 1 na cidade.

Mesmo com os altos preços, que variavam de R$ 340 a R$ 1.990 (valores da inteira) e uma divisão incomum de setores na pista, que oferecia uma área ainda mais exclusiva dentro da Pista Vip Box, chamada Paddock, o evento anunciou sold out no próprio sábado e demonstrou boa lotação. 

A única banda brasileira a se apresentar no GP Week foi a Fresno, que abriu os trabalhos do evento às 14h, com boa recepção da base de fãs consolidada na plateia, que já apresentava bons números no estádio, especialmente nos setores laterais das arquibancadas. 

Às 15h30, os estadunidenses da The Band Camino estrearam em solo brasileiro como a grande surpresa do dia. A banda teve uma boa recepção desde a primeira música, apesar do som estourado e telões desligados até a segunda faixa, e certamente ganhou novos fãs entre o público presente com um com refrões cativantes e performance forte, apresentando show de rock deliciosamente ao vivo da nova geração, que contou ainda com a participação do guitarrista brasileiro Mateus Asato nas três músicas finais do set.

Pontualmente às 17h, foi a vez do Hot Chip subir ao palco para um show dançante, colorido e de muito groove. Os veteranos do synthpop londrino chegaram com o show da turnê do novo álbum Freakout/Release, de agosto deste ano. Apesar do público parecer guardar energia para as principais atrações do dia, além do fato do Hot Chip ser a mais distinta do dia, o grupo mostrou com excelência o som hipnótico e envolvente pelos quais se tornaram conhecidos.

Twenty One Pilots domina GP Week com show eletrizante

Uma parte considerável do público deixou para chegar apenas na hora dos principais shows da noite. Pela ordem de importância do line-up, The Killers seria o grande momento da GP Week naquela noite, mas a reação dos fãs do Twenty One Pilots ao ver os roadies preparando o palco já dava a entender a magnitude da conexão entre o público e o duo formado por Tyler Joseph e Josh Dun, cuja última passagem pelo Brasil tinha acontecido no Lollapalooza Brasil, em 2019.

Não demorou muito para Twenty Pilots justificar a fama de um show que você precisa assistir, mesmo que não saiba todas as músicas de cor. Recebidos por um público de fãs ensandecidos, que cantavam as músicas com fervor, a dupla fez um espetáculo da envergadura do show mirabolante do KISS, ainda que dentro do próprio universo: mudança de cenário, interatividade direta com a plateia (Tyler foi pra galera e escalou a estrutura de som para cantar “Stressed Out” do meio do estádio, enquanto a bateria de Josh foi levada ao público) e domínio total do público são apenas alguns elementos que justificam a comparação.

Acompanhados de uma banda com saxofone, guitarra e até acordeão, o Twenty One Pilots mostrou que não precisa de tecnologias complexas como as pulseiras do Coldplay para ter um show de luzes em “Mulberry Street”, quando Tyler gastou alguns minutos orientando fãs de diferentes partes do estádio a movimentar as lanternas dos celulares quando ouvissem diferentes partes da palavra, criando um espetáculo interativo que explica bem o poder de controle de multidão dos músicos.

“Queríamos voltar ao Brasil por muito tempo, só quero dizer que estamos muito felizes de estar aqui. E adoraríamos voltar uma hora dessas”, disse o vocalista, como se fosse necessário alimentar a ideia. Assim que a banda saiu do palco, ficou o questionamento se The Killers, do alto de duas décadas de estrada e muitos sucessos, seria capaz de manter o nível altíssimo apresentado pela atração anterior.

Conforme o horário do headliners chegava, foi possível perceber uma troca do público mais próximo à grade da Paddock. A plateia tinha certa eletricidade, mas o aguardar era consideravelmente mais tímido, mesmo com as ondas criadas nas arquibancadas para passar o tempo.

The Killers entrou no palco por volta de 21h30 para conduzir um show grandioso, desde o palco bem decorado até a performance firme e carismática de Brandon Flowers, o protagonista inegável da banda e único integrante cujo nome era celebrado em gritos dos fãs, que convidou um fã chamado Rafael para tocar bateria em “For Reasons Unknown” e improvisou português para falar com a plateia: “São Paulo, foram tantos anos, vcs esqueceram da gente? Vamos descobrir agora!”

Com o estádio cheio e quatro anos desde a última vez em solo brasileiro, a banda conduziu um show que trouxe nostalgia como os pontos altos do show com hits como “Runaway”, “Smile Like You Mean It” e “Shot at the Night”, e logo a resposta ficou clara que o Brasil não esqueceu do The Killers. Apesar da recepção menos calorosa para músicas recentes como “boy” e “Caution”, a banda entregou uma performance com classe e competência. Mesmo assim, o fato é que a GP Week foi do Twenty One Pilots.

Nossa colaboradora Leca Suzuki esteve presente e registrou os melhores momentos do festival GP Week.

LEIA TAMBÉM: Twenty One Pilots: o disco Trench e a luta contra a depressão