Dias antes de estrear no gigante Allianz Parque, em São Paulo, o Aldo, the Band estava em casa. Não no sentido residencial, mas de conforto. No Estúdio Aurora, no boêmio bairro de Pinheiros, os irmãos André (vocais e guitarra) e Murilo Faria (backing vocal, teclado e sintetizadores), acompanhados por Érico Theobaldo (bateria e backing vocal) e Fábio Pinchas (baixo), faziam um dos últimos ensaios para o Soundhearts Festival.
O evento, que aconteceu no Rio de Janeiro (Jeunesse Arena) e na capital paulista no último final de semana, marcou a vez em que o Aldo, the Band dividiu o line-up com Radiohead, Flying Lotus e Junun. “É um show grande, que coincidiu com alguns lançamentos [do clipe de “Liquid Metal”, em março, e do single “Trembling Eyelids”, em abril]. Então, junto dos ensaios e da logística de turnês do próximo semestre, acabou demandando muito da gente. Mas é o normal de toda banda, nada que não tivéssemos passado”, diz André.
O histórico explica a familiaridade com os célebres palcos: desde a estreia em 2013 com Aldo, o grupo foi atração de inúmeros pequenos clubes no Brasil e no mundo — os favoritos de André —, mas também integrou line-ups de festivais como o Primavera Sound, na Espanha, e o Tomorrowland, na Bélgica. “No Primavera foi legal porque, apesar de ser um palco maior, não tinha grade, então todo mundo conseguia chegar perto. Mas a gente tocou no Tomorrowland, em um palco alto para caramba, e foi super estranho, frio. Acho que é muito de palco para palco. Mas é muito doido tocar no Breve [casa em São Paulo], em um palco de madeira, e depois no Allianz Parque.”
O citado Breve — localizado em outra vizinhança boêmia paulistana, a Pompéia — foi escolhido para alocar o primeiro show de 2018 em São Paulo, no dia 5 de abril. A performance aconteceu quase um mês após o lançamento do primeiro compilado da carreira, Fleas, Bureaucracy and Demos. O LP conta com 43 faixas, entre as quais estão inéditas, remixes e participações especiais (como de Lúcio Maia, do Nação Zumbi, e do renomado DJ italiano Daniele Baldelli), mas também a vontade de recomeçar.
Em vez de apagar o passado, que inclui confronto com a Skol Music, extinta gravadora responsável pelo lançamento do segundo álbum Giant Flea (2015), o Aldo, the Band decidiu usá-lo como material para o mais recente trabalho. “É uma história de três anos, que foi bem difícil pra gente, brigando pela nossa identidade. Eles queriam nos dar uma roupagem mais pop do que acreditávamos, então saímos e resolvemos lançar o compilado”, explica André. “É um expurgo de tudo isso, dessa história, e principalmente uma forma de colocarmos tudo dentro da mesma estética, nos abrindo para coisas novas, nas quais a gente acredita.”
Na nova fase, está programado o terceiro disco — ou algo do gênero. “A gente ainda está pensando na melhor maneira de lançar isso [formato de álbum ou de singles]”, comenta Murilo. Como filhos dos anos 1980 e à frente de uma banda dos anos 2010, os irmãos se questionam sobre a melhor forma para conceber o trabalho. Mas o importante é a dúvida não impedir a produção. E, “Trembling Eyelids” é prova de que assim tem sido. O primeiro single do próximo trabalho chegou no último dia 20 e você pode ouvi-lo abaixo.