Apresentações, debates e entrevistas entre grandes nomes da música e da indústria do entretenimento nacional e internacional compõem o festival online Balaclava Digital, fruto da parceria da Balaclava Records e a Heineken que tem começo hoje, 19, até o domingo, 25 no perfil da Balaclava na Twitch.
Os bate-papos da semana irão reunir profissionais e personalidades da música, entre eles a apresentadora Titi Müller, Matt Wilkinson, da Apple Music e “o nerd de música mais ocupado da Internet”, Anthony Fantano. Além de notáveis artistas da cena alternativa, como o herói indie canadense Mac Demarco, a cantora MEL, e Ana Rezende e Luiza Sá, do Cansei de Ser Sexy, que ao serem entrevistadas pela jornalista Isabela Yu na abertura do festival, relembram a importância e pioneirismo na cena musical como artistas mulheres na década de 2000, como contam em entrevista para o Mad Sound, “Foi muito legal relembrar. Acho que tentamos realmente viver a ideia de que poderíamos ser e fazer o que quiséssemos e isso era meio revolucionário e provavelmente ficou mais forte em nós por estarmos fazendo isso juntos. Acho que sozinha nunca teria tido a coragem de ter feito todas essas coisas com a banda e que até informaram coisas na minha vida pessoal.”
“O vocabulário sobre o entendimento de sistemas opressores talvez não fosse popular mas nós já entendíamos esse quadro (na medida do possível)”, elas continuam. “A banda começou numa época que eu acho que precisávamos de um escape da nossas chatices de vida comum e das possibilidades da vida comum e uma extensão da nossa diversão em grupo. Não sei se é óbvio mas não tínhamos nenhuma ambição ou até visão de ser figuras importantes de nada, aliás o fato da banda ter durado e virado nosso emprego ainda é chocante. Acho que estávamos tentando mostrar essas coisas pra nós mesmas e não passou disso mas saber que podemos ter ajudado alguém a ver mais possibilidades nos deixa muito feliz.”
O final de semana chega recheado de apresentações de artistas internacionais como SASAMI e Andy Bell (RIDE e Oasis), e também nomes queridos na cena indie brasileira, como Brvnks e Kiko Dinucci, e colaborações de peso como Giovani Cidreira e Jadsa, Jup do Bairro e Apeles, este que contou para gente como essa parceria aconteceu, e o que podemos esperar dela, “Em 2018, enquanto morava em Berlim, uma amiga me convidou para a estreia do filme ‘Bixa Travesty’ na Berlinale. Assisti ao filme e fiquei muito impressionado com essa vertente da música paulistana. Passei alguns meses ouvindo o Pajubá, foi de certa forma uma influência para o meu último álbum, Crux. Essa cena delas fala com uma clareza e de uma realidade palpável que me inspira demais. Em 2020, a Jup do Bairro lançou seu disco [CORPO SEM JUÍZO] que também me impressionou e vinha há alguns meses confabulando sobre um dia dialogar com essa cena. Quando a Balaclava me convidou para o encontro, um dos nomes que sugeri foi o da Jup do Bairro, que prontamente sentimos que seria algo muito especial e único.”
“O processo [da apresentação] foi bem aberto e sugestivo das duas partes. A apresentação contém 3 faixas, uma dela em que minha banda a acompanha, uma minha em que ela canta e uma improvisação de um texto original dela comigo no Rhodes”, ele revela. “Apesar de à primeira vista parecer estéticas muito diferentes, no estúdio e na prática soou bem natural. A Jup tem muito do rock independente nela então as adaptações fluíram de forma tranquila.”
E para fazer o festival acontecer, os sócios fundadores da Balaclava Records, Fernando Dotta e Rafael Farah contam como foram as fases do projeto até ele se tornar realidade, “Assim que começou a pandemia e os eventos tiveram que parar, imediatamente desenhamos diversos planos emergenciais no curto prazo. Começamos a produzir vários conteúdos novos em nossas redes, passamos a intensificar nossa atuação como selo fonográfico, entre outras coisas. Em paralelo a isso, ficamos pensando em como montar um projeto que contemplasse shows online, mas que não ficasse naquele formato de live que já estava começando a ficar saturado.”
“Pensamos então em trazer, dentro de um único projeto, todos os conteúdos de programação que trazemos em nossos eventos presenciais. Desde as mesas de debate da Sacola Alternativa, os shows gringos do Balaclava Fest, os shows de artistas novos incríveis que passaram pela nossa casa de shows Breve. Desenhamos todo o projeto do Balaclava Digital por volta de maio e, logo em seguida, apresentamos para marcas parceiras, uma vez que para viabilizar o projeto financeiramente precisaríamos de apoio. Depois de muitas idas e vindas, no final de agosto fechamos o patrocínio da Heineken para o projeto e começamos a pré produção e produção, que se estendeu por todo o mês de setembro e início de outubro, chegando agora na sua reta final para a estreia no dia 19.”
“Foi (e está sendo) um processo bem intenso para nós produzir um projeto inteiro em um formato que nunca havíamos feito antes, então muitos aprendizados vieram e junto deles vários cabelos brancos hehe. Mas pra falar a verdade, a gente não se importa muito com isso. Estávamos sentindo bastante falta dessa correria pra levantar nossos projetos. Tirar ideias do papel como o Balaclava Fest, o Breve, os shows todos, o selo, e ver isso tocar de certa forma as pessoas sempre foi gratificante demais, é isso que nos move. Esperamos que seja assim também com o Balaclava Digital!”, eles finalizam.
Mas a adrenalina de comandar a mais importante plataforma da cena musical indie no Brasil não termina por ai: logo após o Balaclava Digital, de 26 a 30 de outubro, uma série de cinco episódios sobre os bastidores das dez edições do Balaclava Fest será lançada no Instagram do selo, matando saudades do passado para, quem sabe, construir o futuro o quanto antes, como os sócios contam: “A série vai trazer diversos depoimentos de artistas, equipes e fãs que estiveram presente nessa história do Balaclava Fest. É uma retrospectiva, vamos buscar boas memórias e curiosidades dos bastidores para compartilhar com todo mundo”, conta a dupla. “Sobre planejamento futuro, estamos fazendo sempre. Temos desenhado um cenário onde realizaremos o festival e shows em 2021, mesmo com toda a incerteza que ainda está no ar. Se vai rolar ou não, não depende só de nós, mas a ideia sempre é já estar com tudo pronto pra voltarmos a ativa com os eventos assim que possível e de forma segura.”
Confira abaixo a programação completa do Balaclava Digital:
19/10
Entrevista: Cansei de Ser Sexy | 18h – 19h
Entrevista: Matt Wilkison (Apple Music) |19h30 – 20h30
Debate: Produção Musical com Lucas Silveira (Fresno), Tomás Bertoni (Scalene), Monica Agena e Kassin | 21h – 22h
20/10
Entrevista: Ciro Hamen (O Brasil Que Deu Certo) | 18h – 19h
Entrevista: Rachel Goswell (Slowdive) |19h30 – 20h30
Debate: Presenças das Marcas com Vanessa Brandão (Heineken), Zé Ricardo (Rock in Rio), Fernando Dotta e Rafael Farah (Balaclava) | 21h – 22h
21/10
Entrevista: Michelle Cable (Panache) | 18h – 19h
Entrevista: Ynaiã (Boogarins) |19h30 – 20h30
Debate: Panorama da Música com Juli Baldi, Coy Freitas, Ana Garcia e Edimar Filho | 21h – 22h
22/10
Entrevista: Marcos Boffa | 18h – 19h
Entrevista: Titi Müller |19h30 – 20h30
Debate: Redes Sociais com Roberta Guimarães (TikTok), Wlad Winter (Twitch), Pedro Antunes e Alex Correa (T4F) | 21h – 22h
23/10
Entrevista: Jup do Bairro | 18h – 19h
Entrevista: Ash Kenazi (Happyness) |19h30 – 20h30
Debate: Diversidade com Isis Vergilio, MEL, Paola Wescher e Lucas Manga | 21h – 22h
24/10
Entrevista: Anthony Fantano | 17h30 – 18h30
Show: Walfredo em Busca da Simbiose + YMA | 19 hrs
Show: Fabiano do Nascimento | 19:30 hrs
Show: Andy Bell | 20 hrs
Show: SASAMI | 20:30 hrs
Show: Apeles + Jup do Bairro | 21 hrs
Show: Josyara + Scalene | 21:30 hrs
25/10
Entrevista: Mac Demarco | 17h30 – 18h30
Show: Kiko Dinucci | 19 hrs
Show: BRVNKS | 19:30 hrs
Show: Melkbelly | 20 hrs
Show: Mac McCaughan | 20:30 hrs
Show: Giovani Cidreira + Jadsa | 21 hrs
Show: ÀIYÉ + Odradek | 21:30 hrs