Depois de quatro anos de composição e gravação, o cantor e compositor escocês Barrie-James lançou seu novo álbum, Psychdelic Soup, para a imensa felicidade de seus fãs ao redor do globo.

Algumas semanas atrás, o Mad Sound teve o prazer de conversar com Barrie sobre seu processo criativo do disco, suas influências, referências, curiosidades sobre as canções, e até novidades sobre sua tão aguardada vinda ao Brasil. Confira abaixo essa entrevista.

Mad Sound: Primeiramente, meus parabéns pelo álbum, eu realmente gostei muito dele!

Barrie-James: Eu agradeço, fico muito feliz com isso!

MS: Esse é seu primeiro disco desde ‘Cold Coffee’, de 2016, quais fatores você acha que ainda continuaram nesse novo álbum, e o que você acha que mudou em termos de processo criativo?

BJ: Bom, esse álbum foi definitivamente um processo bem mais longo que Cold Coffee, esse disco levou 4 anos entre escrever, gravar, começar a gravar, parar, recomeçar de novo. O último álbum também foi muito mais orgânico, com bastante piano, mas esse atual, por exemplo, tem uma música que eu fiquei com um único verso por um ano, então foi muito um processo mais cuidadoso. E eu estava tentando criar uma experiência sonora semelhante à Cold Coffee, no sentido de ser algo meio cinematográfico. Então, acho que Psycodelic Soup é mais uma jornada de experimentação.

MS: Esse álbum realmente soa muito íntimo e pessoal como você acabou de descrever, você pode me contar mais detalhes sobre o processo da gravação?

BJ: Eu fico muito feliz que você ache que a sonoridade reflete na intensidade do processo! Então, eu gravei com três pessoas diferentes durante o processo de gravação durante os quatro anos, e o primeiro cara com quem eu trabalhei, nós dois ficávamos no estúdio por 14 horas por dia, e com o tempo tívemos algumas músicas que começaram a definir mais a sonoridade do álbum, mas, por conta de complicações, tívemos que parar de trabalhar juntos.

O segundo, ficávamos na casa dele, então a maioria das coisas do disco foram gravadas em uma casa, foi super íntimo, só eu e ele, nós começamos no nosso computador e ano passado nós entramos finalmente no estúdio com uma mesa de som, e um engenheiro e levamos as faixas que achávamos boas para o álbum, e então realmente consegui ouvir às músicas como um álbum propriamente dito.

Foi um longo processo, mas definitivamente necessário, e teve momentos bem emocionais durante esses quatro anos, então eu tinha sentimentos mixados sobre o disco porque eu sentia ás vezes que ele nunca seria lançado. Mas eu fico feliz que você sente a intensidade na música, então obrigado!

MS: O título do álbum me chamou atenção, positivamente, e gostaria de saber o por que esse nome foi o título perfeito para o disco?

BJ: Então, eu sempre gosto de escolher títulos que tenham um sentido mais profundo, então Cold Coffee, por exemplo, era uma referência pois minha ex-namorada tomava bastante café, mas ela tomava ele frio, então eu comecei à tomar frio também eventualmente, e café é algo que você deve tomar quente e doce. Então eu inicialmente achei que deveria chamar o disco só como PS, e achava que faria sentido, mas aí me desanimei sobre.

Então, Psycodelic Soup veio do nada, porque eu queria algo que reforçasse a sonoridade psicodélica do disco, mas acredito que acabou não correspondendo com o que as pessoas acham que músicas psicodélicas devam soar, as pessoas pensam em The Doors, ou Pink Floyd, ou nos dias atuais no Tame Impala, mas o que psicodélico realmente significa é experimentação, e referências “obscuras”.

E o “sopa”, eu achava que soava legal (risos) mas também é uma referência de algo que está estável, porque em boa parte do processo desse disco eu sentia que estava preso na vida, então pra mim só fez sentido, é um pouco díficil de explicar.

MS: A faixa “Interlude” me pegou de surpresa no disco, qual é o significado por trás dela?

BJ: Então, quando meu irmão estava ouvindo o disco, ele estava de fones de ouvido e ele ficou surpreso, e essa era a impressão que eu queria dar! E a melodia é uma música que eu e meus amigos adoramos cantar enquanto estamos bebendo, e eu adoro a voz de cantoras de jazz, então eu senti que precisava ter aquilo em algum momento no álbum. Geralmente eu gosto de colocar interludes perto da última música para fazer um intervalo entre canções, e pensando na estrutura e na ordem do álbum e que faria sentido antes da canção “Flame”, então algo assim. 

MS: Eu sei que pode ser díficil, mas tem alguma canção no disco que seja sua favorita?

BJ: Eu provavelmente vejo “Flame” e “Spooky Blues” como minhas favoritas.

MS: “Spooky Blues” é minha preferida também! (risos)

BJ: Sério? Nossa, eu fico muito feliz em saber isso porque essa canção é minha favorita desde o começo das gravações do disco.

MS: Psychedelic Soup é um dos discos mais noturnos que eu já ouvi, tem algum outro álbum que você tem como referência ao pensar nessa sonoridade noturna?

BJ: Eu amo o que você está dizendo porque eu também vejo discos com sonoridades diurnas e noturnas, e esse disco definitivamente soa noturno. E sobre discos que eu também acho que tem uma sonoridade noturna, eu acho que Dark Side Of The Moon, do Pink Floyd, músicas como “Comfortably Numb”, que eu geralmente ouço às 4 da manhã, no escuro, com fones. Tem uma banda chamada Talk Talk, e um disco deles chamado The Spirit of Eden, que quando meu amigo apresentou eles para mim, ele descreveu o disco como estar aterrizando em Los Angeles em meio a neblina, em um céu estranho.

MS: Eu sei que é uma pergunta um pouco agridoce, mas quais são seus próximos planos depois que toda essa loucura acabar?

BJ: Assim que eu puder voltar ao estúdio eu irei começar meu novo álbum, já que eu fiquei quatro anos nesse atual, tenho muitas músicas, rascunhos que quero começar a gravar. E também quero tocar bastante shows, porque eu não estive tocando muito nesses últimos quatro anos, então ir com a minha banda tocar pela Escócia, e Europa, e o plano é ir para o Brasil em janeiro eu acho, é algo que eu definitivamente quero experenciar, vocês do Brasil são tão legais nas redes sociais. E muito obrigado pela conversa, suas perguntas foram ótimas!