Texto por Thiago Vidal

Quando as luzes da casa foram esmaecendo e o grupo entrou no palco, já era palpável a atmosfera de baile que conduziria a noite de estreia do EITA, terceiro trabalho de estúdio dos cariocas do BRAZA.

“Avenida”, faixa de abertura do disco, foi a escolhida para abrir o set, demonstrando um equilíbrio perfeito entre Danilo Cutrim e público, que cantou a plenos pulmões todos os versos do som.

Enquanto a roda se abria a pedidos do vocalista, “Oxalá” rolava entregando um coro simétrico entre banda e plateia. “Andei, andei” veio em seguida, com seus tons de samba e pegada mais calma, refletindo bem o que a banda buscou nas músicas novas. “Ela Me Chamou Pra dançar um Raggae” transformou a Audio em pista de dança, enquanto o beat precedia os primeiros versos, todos já bailavam em sincronia. 

As faixas “Vai Surgir” e “Paciência” tiveram uma recepção mais amena dos presentes, ainda que bem executadas, foram o momento mais morno da noite.

Entre gritos de “Ole, ole, ole, ola, Lula…” e “Fora Bolsonaro”, Victor Isensee pegou um boné que dizia ‘make brasil 2002 again’ em alusão ao período de governo do ex-presidente, fazendo os gritos de protesto aumentarem, antes de explicar que a forma que ele encontrou de revidar ao fascismo vigente era transformando o ódio dele em música.

“Fé no afeto” veio no momento certo e gritando “abre o salão pras irmãs e os irmãos” Isensee comandou a roda que entrou em frenesi durante os riffs pesados do refrão. Mantendo o ápice da noite, “Moldado em Barro” veio pra reafirmar o tom de conscientização da banda e audiência.

Em clima de consagração, a parte final do show ficou marcada pela harmonia entre Victor e Danilo em “Qual é o rosto de Deus?”. Pedindo pra voltar o groove, Cutrim e público transformaram o fim da música em dueto. A colaboração entre BRAZA e Francisco, el Hombre expôs o portunhol dos presentes em “Batida do Amor”.

Encerrando com “Olinda” e “Jaya” o sentimento de que o baile estava concluído era compartilhado entre todos na casa. BRAZA fechou sua passagem por São Paulo de forma enérgica, misturando referências que vão do hardcore a MPB, sem medo de experimentar formas de expressar pontos de vista, tanto sonoramente quanto em letras que abordam do amor as percepções sociais dos integrantes.

A banda inicia nova fase mostrando não ter medo de expandir seu repertório musical, encaixando novas sonoridades e provando que não há limitações ou rótulos em que possam encaixá-los. 

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