Os fãs de rock alternativo que curtem música nacional e letras reflexivas e existenciais precisam conhecer A Olívia. A banda da cena indie rock brasileira foi formada em 2015, reminiscente de uma banda de colégio do vocalista Luis Vidal, e decidiu iniciar sua carreira em estúdio começando já por lançar um álbum ao invés de singles ou CDs.

Jardins de Concreto chegou em 2017 como o primeiro lançamento d’A Olívia e chamou atenção logo de cara, chegando a figurar na playlist de Melhores Álbuns do Ano do site Minuto Indie. Um dos destaques do disco vai para o single “Não Me Leve A Mal”, que contou com um videoclipe divertido e criativo dirigido por Diogo Pacífico, e que foi um dos responsáveis por colocar a banda iniciante no radar.

Muitas coisas chamam a atenção n’A Olívia, a começar pelo nome pouco comum. Em entrevista ao Mad Sound, o vocalista Luis Vidal revela que a ideia veio de um acontecimento bastante pessoal: o nascimento de sua prima, Olívia. “Ela nasceu no dia do meu aniversário,” conta. “Eu já era adulto, mas foi o primeiro bebê que peguei no colo e fiquei emocionado. Era a minha primeira priminha.”

O nome A Olívia funciona, então, tanto como uma homenagem quanto uma espécie de legado para a Olívia original, além de trazer para a banda uma característica mais “feminina, leve e divertida”, segundo Luis. 

A primeira formação d’A Olivia consistia nos integrantes Luis Vidal, Murilo Fedele, Mateus Albino e Johnny Carvalho. Depois do disco Jardineiros de Concreto (2017) a banda lançou o single “Passar Em Branco”, deu as boas-vindas ao integrante Pedro Lauletta e começou a trabalhar em um segundo álbum de estúdio, mas o processo foi interrompido pela chegada da pandemia de COVID-19.

Produzido totalmente à distância e fruto do isolamento social, nasceu o EP Output, lançado em 2020. O nome já resume bem o projeto, que tem um teor mais acústico e minimalista, sem o uso de bateria, com exceção de uma única música. Na faixa-título, Luis até mesmo brinca com o conceito. “Nenhum vizinho vai poder reclamar,” canta.

Depois do lançamento de Output, o integrante Johnny Carvalho anunciou sua saída da banda, que passou a trabalhar com o baixista Pedro Tiepolo. Com a flexibilização do isolamento social, A Olivia começou a trabalhar na continuação de seu projeto anterior, o EP que se chamaria Input. Eles realizaram os ensaios em uma casa na Serra da Cantareira, mas ainda com um sentimento estranho de vazio, já que todos precisavam usar máscara e manter certa distância, mesmo estando na mesma sala.

“A ideia era que fosse um EP de saída [da pandemia], mas ainda era um EP de estranheza,” conta Luis. “Quando eu fiz o Output, o sentimento era mais de angústia. Um sentimento mais pós-punk, uma coisa meio triste, meio sofrida. Também foi quando explodiram as manifestações [de 2020], então ficou uma coisa pesada. Input foi uma coisa mais de autoconhecimento. A ideia era que fosse um sentimento mais explosivo, de libertar, mas acontece que a vida não é assim, né? Tem muita música que fala sobre memórias, sobre o sentido da vida. Fiquei muito apegado a questões sobre para onde a gente vai e de onde a gente veio. Tem uma música que fala ‘Manda dizer que se o sonho morreu, eu tô aqui’. Então o sonho morre, mas a gente continua.”

Apesar do clima meio inseguro em que o Input foi feito, o lançamento do EP foi realizado em um período muito melhor da pandemia, onde a banda já é capaz de voltar aos palcos para promover o novo trabalho. Atualmente, Mateus Albino já não faz parte d’A Olivia, mas o grupo recebeu mais um novo integrante, Marcelo Rosado. Para Luis, o trabalho dos dois novos integrantes serve para “dar um gás” nos membros mais antigos da banda, além de “expandir as possibilidades”, devido ao conhecimento deles em outras áreas, já que Pedro Tiepolo é multi-instrumentista e Marcelo gosta de escrever.

Em relação ao retorno aos palcos, Luis conta o que aprendeu depois de retomar a experiência do ao vivo após anos trabalhando com música no virtual: “Eu acho que me assumi mais como cantor porque percebi que não é tão normal fazer o que eu faço. Fazer o que a banda faz, subir num palco, não é tão simples assim. A gente ficou dois anos sem palco e agora vemos que o palco é um lugar de respeito. Acho que eu estou respeitando mais o que a gente faz.”

O EP Input já está disponível nas plataformas digitais e A Olívia se encontra atualmente trabalhando em uma agenda de shows que tem início em outubro. Mais informações podem ser encontradas nas redes sociais da banda.

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