Mansim, quando conta sobre o projeto publicamente, promete tocar corações, mas talvez o que faltou prometer é o abraço virtual e a invasão de sentimentos que entrega. Em seu primeiro EP, No Meio do Silêncio, o grupo mineiro se apresenta de forma emotiva, porém forte.

Ao navegar pelas seis faixas presentes no EP, o ouvinte se sente igual ao grupo, sente o que ele sente, sofre com o que o vocalista Fred Oliveira apresenta. Nesse primeiro encontro, o fã se vê lendo o diário pessoal dos músicos – e talvez até o seu próprio.

As inspirações do grupo são várias, indo de HER a Silva e passando por 5 a Seco, Clube da Esquina e mais. Já a composição é única. Ela pode ser comparada ao que se tem feito no MPB contemporâneo, mas há ainda algo diferente. Às vezes Mansim é literal, traz a dor tão clara quanto um manual de instrução, mas às vezes traz o lirismo e a poesia do MPB. E essa junção traz algo especial ao grupo, que não se prende a nenhuma amarra, correndo livremente na maré dos sentimentos.

O EP, que pode ser ouvido logo abaixo, viaja entre os vários sentimentos e mistura diversos gêneros musicais. Para entender um pouco mais sobre todo esse trabalho, conversamos com Fred. Leia a entrevista na íntegra logo abaixo.

Mansim é formado por Fred Oliveira (voz), Diogo Machado (baixo), Beto Rosa (guitarra), Marcelo Moraes (bateria) e Kleiton França (teclado).

Mad Sound: Vocês podem me contar um pouco sobre a trajetória de vocês até aqui?
Fred Oliveira: O Mansim surgiu como um desdobramento de outro projeto. Em 2018 nós começamos a gravar alguns vídeos com versões de músicas de outros artistas, sempre explorando e experimentando sonoridades que nos ajudaram a consolidar o nosso trabalho. Ao longo do tempo, fomos conversando sobre uma vontade unânime de transportar esse som para um projeto de músicas autorais, que foi tomando forma em 2020, quando começamos a produzir as primeiras faixas do EP No Meio do Silêncio. Neste ano, conseguimos finalizar e finalmente lançar esse álbum.

MS: Como foi gravar o primeiro trabalho?
FO: Foi muito gostoso e desafiador, ao mesmo tempo. Todo o processo de pré-produção foi muito prazeroso, porque temos muita liberdade para explorar arranjos e elementos da sonoridade, e temos intimidade também para dar sugestões e ouvir as ideias de cada um. Por outro lado, tivemos várias dificuldades para gravar esse trabalho como um grupo independente, principalmente durante o período de pandemia, com recursos financeiros escassos.

MS: Quais são suas principais influências?
FO: Nosso som sempre teve grandes influências do soul americano, mas ao longo da criação dos arranjos, com certeza fomos percebendo a presença das nossas raízes brasileiras, especialmente da música mineira, da nova MPB, do indie e do R&B. Algumas das referências mais presentes durante nosso processo foram HER, Silva, Black Pumas, 5 a Seco, Clube da Esquina, Marisa Monte, Jungle, Daniel Caesar e Emily King.

MS: As canções são bem íntimas e honestas, tanto em melodia quanto em letra. Como é o processo criativo de vocês?
FO: Na construção desse EP, as músicas que iniciaram o processo eram composições minhas de alguns anos, para as quais a banda trabalhou conjuntamente nos novos arranjos. Algumas das faixas que vieram depois foram criadas pelo nosso tecladista, Kleiton, que trouxe os arranjos praticamente prontos, depois eu criei as melodias e as letras e a banda foi adicionando algumas coisas e lapidando até chegarmos nas versões finais. Acho que esse sentimento de intimidade das músicas vem do nosso esforço para criar um trabalho com os quais as pessoas possam se identificar e se emocionar.

MS: Tem algum conceito ou tema central que vocês idealizaram para esse projeto ou as composições foram se unindo naturalmente?
FO: Acredito que as composições foram se unindo naturalmente, mas ao longo do processo definitivamente foi ficando claro que se tratava de um material muito reflexivo e que tocava muito em uma jornada de autoconhecimento. Apesar de não estar tão consciente disso na época, hoje vejo com clareza como todos os períodos de isolamento e tudo o que vivemos em 2020 de certa forma está presente nas músicas, nas letras intimistas e na busca de criar uma sonoridade que traga aconchego.

MS: O trabalho visual parece bem importante para vocês. Como é o processo de ligar o visual com o som? Me explica um pouco?
FO: Com certeza achamos muito importante essa junção do visual com o sonoro. Nós tentamos criar uma experiência audiovisual, desde o material gráfico do EP até os visualizers e lyric videos que fizemos para os singles. Nossa intenção sempre foi proporcionar uma espécie de tradução de sentimentos com o nosso trabalho, nós queríamos que as pessoas se enxergassem nas nossas músicas, e foi muito legal poder fazer isso indo além do material sonoro. Nós queríamos conseguir criar vídeos que não contassem histórias de maneira óbvia, mas que pudessem complementar visualmente o que estava sendo ouvido de forma sensível e minimalista.

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