O segundo dia do MITA Festival em São Paulo proporcionou uma experiência bem mais tranquila para aqueles que frequentaram o Novo Anhangabaú.
O domingo, 04, recebeu muito menos pessoas que o sábado de Lana Del Rey, o que melhorou a circulação pelo espaço e ocasionou em filas mais curtas.
A diminuição no tamanho do público não foi por falta de atrações boas para ver. A maioria dos nomes da line-up era bem mais popular que os que se apresentaram no sábado e o dia foi um prato cheio para os fãs de rock, pop e música alternativa.
O dia começou com um show eletrizante do Far From Alaska e muita gente chegou cedo só pra ver a banda do Rio Grande do Norte. O público nesse início de dia estava bem maior que no sábado, cantando todas as músicas e pulando junto. No final do set, a banda convidou o Supercombo para subir ao palco e tocar algumas faixas. Entre elas o sucesso “Piloto Automático”.
No Palco Centro, Don L se apresentou convidando Tasha & Tracie e mais tarde o Capital Inicial empolgou os fãs tocando os maiores sucessos de sua carreira, como “À Sua Maneira (De Música Ligeira)”, “Primeiros Erros (Chove)” e “Natasha”.
Sabrina Carpenter entregou um dos shows mais divertidos dessa edição do MITA com várias canções de seu álbum mais recente, emails i can’t send, e um cover delicioso de “The Sweet Escape”, da Gwen Stefani.
Em sua música mais popular, “Nonsense”, a cantora costuma improvisar uma outro diferente para cada cidade em que se apresenta e ela se despediu de São Paulo com os seguintes versos: “Obrigada for the streams and downloads / Got off the plane and I became the town hoe / Cause everyone’s so sexy in São Paulo”. (“Obrigada pelos streams e downloads / Desci do avião e me tornei a vagabunda da cidade / Porque todo mundo é sexy em São Paulo”). Ela retorna ao Brasil em novembro como ato de abertura dos shows de Taylor Swift.
Um dos momentos mais marcantes do dia foi o emocionante retorno do NX Zero aos palcos de São Paulo. Os primeiros shows da banda em 6 anos foram exclusividade do MITA e o resultado foi muito bonito. A banda entrou no palco com energia alta, demonstrou estar feliz e entregou uma setlist carregada com todos os maiores sucessos de sua carreira, incluindo um interlúdio com um vídeo do saudoso Chorão antes de “Cedo ou Tarde”.
As irmãs Haim fizeram sua estreia em solo paulistano colocando “Ilariê” para tocar antes do show. Uma das integrantes, Este, é fã de Xuxa e teve a oportunidade de conhecer a apresentadora durante sua estadia no Brasil. No início do show, Este agradeceu a oportunidade de realizar esse sonho e mostrou um chapéu da Xuxa que encontrou em uma loja. Multi-instrumentistas e com postura de estrelas do rock, as irmãs se revezam no palco para tocar uma variedade de instrumentos com o auxílio extra de alguns outros músicos. A maior parte da setlist foi composta de músicas do álbum mais recente, Women In Music Pt III.
O rock progressivo e experimental do The Mars Volta encerrou a noite do Palco Deezer, enquanto Florence + The Machine foi a grande headliner do dia no Palco Centro. Ao contrário de Lana Del Rey, que atrasou sua performance em 40 minutos, Florence entrou no palco exatamente no horário previsto, às 20h20.
A cantora retornou ao Brasil pela primeira vez desde 2016, quando se apresentou no Lollapalooza. Descalça, com vocais celestiais e vestido verde transparente, Florence apresentou músicas de seu álbum mais recente, Dance Fever, mescladas a sucessos conhecidos do público, como “You’ve Got The Love” e “Dog Day Are Over”. Ao final desta, ela pede para que todos guardem os celulares para viverem juntos um momento de conexão e presença no último refrão.
Durante “Dream Girl Evil”, “Prayer Factory” e “Big God”, a cantora desce para o público, pega nas mãos dos fãs e se joga na galera para cantar perto deles. No final da setlist, ela também acatou ao pedido dos fãs e se ausentou do palco por alguns minutos para ensaiar uma versão acústica de “Queen of Peace” com sua banda nos bastidores.
O show de Florence + The Machine é um verdadeiro espetáculo, mas a escolha de músicas da setlist desaponta em seleção. São poucas faixas dos álbuns How Big, How Blue, How Beautiful e Ceremonials, priorizando o disco mais recente e também o álbum de estreia, Lungs. Grandes canções como “Cassandra”, “What The Water Gave Me” e “No Light, No Light” ficaram de fora, enquanto “Cosmic Love” e “Kiss With A Fist” foram priorizadas. Ambas soam meio deslocadas da setlist no ao vivo, assim como “You’ve Got The Love”.
Apesar da escolha pouco favorável do Novo Anhangabaú como localização, o MITA Festival fez uma boa curadoria de artistas, priorizando a diversidade de gêneros musicais. A divisão acabou por deixar uma maior quantidade de nomes atrativos no domingo, mas o alto preço dos ingressos tornou o festival pouco acessível.
A experiência do evento também é desproporcional ao valor pago pela entrada. Além da baixa visibilidade para quem adquiriu o ingresso de pista comum, o espaço estreito do Novo Anhangabaú fez com que poucas ativações oferecessem atividades empolgantes para se fazer ao longo do dia. Um dos destaques positivos foi a presença da Deezer, que instalou um karaokê com músicas dos artistas da line-up e fez uma ação convidando superfãs para participarem do festival.
Com boa curadoria e produção artística, o MITA tem potencial para se tornar um dos principais festivais a serem realizados em São Paulo, mas a baixa estrutura e os preços abusivos tiraram alguns pontos dessa segunda edição. Com melhorias a serem feitas, o festival ainda deixa dúvidas sobre o que planeja se tornar no futuro.
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