Xavier Rudd é um dos músicos australianos mais respeitados do mundo, com cerca de vinte anos de carreira. É um artista que, constantemente, procura a beleza nas músicas e a poesia nas letras.
Além disso, é um grande ativista dos direitos indígenas, uma vez que sua conexão com os aborígenes australianos é muito forte.
Em passagem por São Paulo, Xavier Rudd parou para conversar com o Mad Sound sobre o recente álbum Storm Boy, ecologia e política. Confira:
Mad Sound – Primeiro, vamos falar sobre o seu álbum mais recente, Storm Boy. Como foi o processo de fazer esse disco?
– Eu gravei por volta de quatro ou cinco anos. Eu acho que meus álbuns são todos documentos de seu tempo. Quando minha cabeça está cheia eu preciso colocar no papel e construir essas ideias em um álbum. Eu gravei na minha casa, onde eu montei um estúdio.
Você diz que todo álbum seu é uma revelação do seu espírito. O que esse disco falou sobre você mesmo?
– Para mim esse disco é sobre um período de amor que eu passei, alguém por quem eu me apaixonei. Uma jornada de reflexão pessoal
Você disse que Storm Boy é um álbum separado, um novo capítulo da sua discografia. Por quê?
– É porque cada álbum é algo separado. É como se na nossa vida aprendêssemos tanta coisa que cada parte dela fosse um capítulo diferente. Nós crescemos como pessoas. E como músicos, podemos refletir sobre isso e colocar num álbum. A vida fica mudando.
Existe alguma mensagem que você queria passar com o disco?
– Na verdade, não. A mensagem é a música por si mesma. As músicas ditam o que suas próprias mensagens são. Elas falam de coisas diferentes, filosofam sobre coisas diferentes
Suas visões são um misto de espiritualidade e racionalidade. Pode me contar um pouco sobre a sua filosofia de vida?
– Eu me baseio muito na cultura indígena. É um olhar para o mundo diferente, a gente vê como o mundo se distanciou das relações com a natureza. É importante sempre lembrar que somos parte da energia desse planeta, conectados ao planeta. Precisamos dele do mesmo jeito que plantas e animais precisam dele.
O atual presidente brasileiro não é muito em favor dos direitos indígenas. Ele quer tirar as poucas terras que nossos nativos ainda têm. Por que as pessoas têm esse, vamos dizer, preconceito com os nativos?
– Não sei, acho que é porque eles são bebês, espiritualmente. Ele soa como um bebê, como uma criança que quer doce. Ele não parece ter conhecimento aprofundado sobre essas questões. Soa como um grande problema psicológico. E esse parece ser um problema comum nas pessoas que têm se tornado políticos.
Muitos dos líderes mundiais têm esses pensamentos antiecológicos. Como você acha que eles chegam ao poder?
– Porque eles nascem nesse meio. É insano, mas é como se fizesse parte desse pensamento. Eles estudaram em escolas particulares, eles vêm de famílias tradicionais. É uma bolha muito difícil de penetrar, os países são fundados nesse sistema. E esse sistema os coloca lá.
E por que, na sua opinião, tanta gente nega coisas como o aquecimento global? Parece-me muito claro que isso é uma realidade.
– É muito claro, cara. E eles sabem também. Eles são umas marionetes do sistema.
Pra você, qual é o maior problema ecológico atual?
– Tem muitos problemas, mas o maior é o plástico, cara. O plástico é um puta problema. E precisa ser resolvido, as pessoas precisam ser criativas e as empresas precisam gastar dinheiro pensando em como diminuir o plástico.
Você acha que a música é uma ferramenta para o ativismo?
– Com certeza. A arte é tudo o que temos, às vezes. Somos uma força, estamos em todos os lugares do mundo. Somos tudo o que o planeta tem e precisamos fazer algo para mudar.
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