Para os fãs de música brasileira, uma recomendação essencial é o álbum Recanto, de Ciro Belluci. Esse é o primeiro lançamento musical do multiartista mineiro que, aos 22 anos, reúne uma coletânea de versões e releituras de algumas das maiores músicas que temos em nosso repertório nacional.
Belluci agrupou em seu primeiro álbum músicas que marcaram sua trajetória de alguma forma, seja pela admiração aos compositores, pelas gravações existentes ou pela temática da letra. O resultado foi uma releitura sensível e poderosa de clássicos cantados por Gilberto Gil, Elis Regina, Chico Buarque, Rita Lee e muito mais!
Artista de teatro, Ciro Belluci é membro do grupo Ponto de Partida e assinou a produção e direção musical de seu primeiro disco. O projeto foi contemplado com recursos da Lei Aldir Blanc, em 2021, e surgiu a partir de um show que Ciro fazia com os músicos Pitágoras Silveira (piano), Gladston Vieira (bateria) e Matheus Duque (sax). Esses mesmos nomes foram os que acompanharam o artista na criação dos arranjos e na gravação de Recanto.
“O show nasceu despretensiosamente, pela vontade que eu, Pitágoras Silveira, Gladston Vieira e Matheus Duque tínhamos de tocar juntos e experimentar repertórios, texturas e sonoridades,” conta Ciro ao Mad Sound. “Tocávamos na maioria das vezes em bares, com repertório que variava, entre as possibilidades da MPB, de acordo com o público ou com o ambiente. Com o tempo, o grupo foi ficando cada vez mais entrosado e já começamos a ter uma vontade de registrar o encontro de alguma forma. E então, quando surgiu a oportunidade de gravar o disco, foi a situação perfeita pra juntar os anseios e levar esse grupo, já com uma certa intimidade musical, pro projeto.”
O nome Recanto já resume bem a ideia do álbum – recantar essas histórias que moveram Ciro Belluci ao longo de sua vida. Durante as 11 faixas reimaginadas, o artista entrega sua interpretação com muita emoção e sensibilidade, enriquecendo cada canção também com um toque teatral. Para deixar esse universo ainda mais completo, ele contou com participações muito especiais de Vanessa Moreno em “Baião de Quatro Toques”, Zé Ibarra em “Beijo Partido” e Nailor Proveta, que toca saxofone em “Choro pro Zé”. A faixa conta também com o baixo acústico de Paulo Paulelli, que também assinou a direção artística do disco.
“A primeira abordagem foi com o Paulelli, ele já estava no meu radar quando comecei a pensar uma pessoa pra somar com um olhar de fora e mais experiente”, explica Ciro. “Algumas pessoas próximas já tinham trabalhado com ele e fizeram a ponte. Com Vanessa e Proveta, o contato foi através do próprio Paulelli também, ele já tinha proximidade com os dois. O Zé Ibarra, a gente se conheceu há uns 5 anos na casa de uma amiga que temos em comum. Desde então a gente troca ideia esporadicamente, mas nunca tínhamos feito algo juntos oficialmente e, quando comecei a produzir o disco, achei que seria uma boa oportunidade pra isso.”
A escolha de interpretar canções ao invés de produzir um álbum com composições autorais, veio a Ciro Belluci de forma natural. Segundo ele, apesar de gostar do exercício da composição, interpretar canções que dialogam consigo é o que faz ele se sentir “com mais voz”. Apesar da ideia inicial do projeto abranger apenas versões de músicas já conhecidas, o artista abriu espaço para uma música inédita. “Passageira” é um samba que encerra o álbum e foi composta por Pablo Bertola e Lido Loschi, oferecida a Ciro como um presente. Ela fecha as cortinas de Recanto reforçando a profunda brasilidade desse projeto, unindo o melhor da nossa herança musical com um esperançoso toque do futuro.
Sobre a mensagem que gostaria de passar com Recanto, Ciro conclui: “Por ser um projeto que juntou muitas motivações, é difícil resumir em uma única mensagem ou objetivo. Mas destaco que é uma homenagem e um agradecimento à música brasileira. Cantar essas composições e com essas pessoas envolvidas foi a forma que encontrei de devolvê-las ao mundo da maneira que eu as absorvi e de também de mantê-las frescas, pulsando. Além disso, por ser meu primeiro disco, tem também uma função de prólogo, de arauto, de ser meu primeiro contato com o público e tentar trazer, da melhor maneira possível, um recorte do meu trabalho.”