Texto por Pedro Tiepolo

Em maio, a banda irlandesa Two Door Cinema Club veio para o Brasil como parte do festival MITA. Poucas semanas depois, a banda já deu início a sua próxima fase com o single “Wonderful Life”, primeira amostra de um novo álbum que contou com produção da própria banda, junto com Jacknife Lee (Bloc Party, The Killers, Taylor Swift) e Dan Grech Marguerat (Halsey, Lana Del Rey, George Ezra).

O Mad Sound conversou com o baixista Kevin Baird para entender o que esperar de Keep On Smiling, quinto álbum da banda, que tem previsão de lançamento para 2 de setembro. Confira a entrevista na íntegra:

Mad Sound: Vocês acabaram de vir pro Brasil em maio, tocando no festival MITA em São Paulo e no Rio de Janeiro. Como foi a experiência nessa vinda?

Kevin Baird: Aproveitamos bastante! O Brasil é sempre um país incrível. Pessoas incríveis, comida incrível, natureza e vistas incríveis…. comemos carne demais e bebemos cachaça demais!

MS: E desde então, vocês lançaram o primeiro single do álbum novo, a música “Wonderful Life”. Como tem sido a recepção do público?

KB: Tem sido muito legal. Nós tocamos ela ao vivo pela primeira vez na Noruega, literalmente no dia do lançamento; e estávamos vendo as pessoas cantando junto e já conhecendo a música. E é uma música bastante divertida de tocar, tem encaixado bem com o resto do material.

MS: Você mencionou a música ser “divertida” – o Two Door Cinema Club sempre fez músicas dançantes e com bastante energia, mas esse single é especialmente positivo, alegre. O próprio título do álbum novo, Keep On Smiling, remete a isso também. Foi uma decisão consciente procurar essa visão mais otimista, talvez em resposta a tudo que tem acontecido no mundo?

KB: Sim, com certeza. Eu acho que a gente sempre teve esse ponto de vista, de que a música pode trazer um escapismo incrível. Às vezes a gente só precisa se soltar, pular e se divertir, independente do que está acontecendo no mundo. Mas essa é a primeira vez que nós tomamos esse ponto de vista como ponto central do disco, e foi muito bom. É legal ser positivo, fazer algo mais leve e divertido.

MS: E como foi o processo desse disco? A pandemia afetou o processo da gravação?

KB: Nós já tínhamos terminado metade do álbum antes do covid-19 acontecer. Aí em 2020 nós fizemos uma pausa, e quando as coisas começaram a voltar um pouco mais ao normal em 2021, nós decidimos fazer mais músicas.

Mas ainda não estávamos todos juntos na mesma sala, então foi um processo a distância, mandando ideias por email e perguntando o que os outros achavam. Eu acho que isso influenciou bastante a simplicidade das músicas, porque não estávamos mandando arquivos gigantes com um bilhão de instrumentos. Era mais “olha essa ideia, legal né? Tenta botar algo por cima”.

Depois, decidimos ir gravar no estúdio. Quem produziu aquela primeira metade do disco foi o Jacknife Lee, mas pra essa metade nova, queríamos tentar deixar tudo simples: só gravar as músicas e trazer alguém pra adicionar uma mágica no final, que foi o processo com Dan Grech.

Foi legal não ter nenhuma pressão de tempo. Só estávamos fazendo música, e eventualmente percebemos que estava ficando bem bom e devíamos lançar – e aqui estamos.

MS: Você acha então que o processo a distância resultou em músicas que vocês não teriam feito, se tivessem continuado a fazer do jeito normal?

KB: É, acho que sim. Se nós tivéssemos ficado no estúdio por meses, seria muito fácil começar a adicionar mais coisas sem parar, até alguém dizer pra parar. Queríamos bem conscientemente deixar tudo simples, ver se as músicas funcionariam só com poucos elementos. E era mais ou menos isso que fazíamos antes, na época do nosso primeiro e segundo álbum – deixávamos nossa atenção e foco só naquilo que era realmente o mais importante para aquela música.

MS: Eu ia comentar isso, esse novo single me lembra especialmente algo da época do segundo álbum, Beacon. Mas os últimos dois álbuns, Gameshow e False Alarm, também trouxeram novas influências, algo meio disco, anos 80, com ritmos diferentes. O disco novo tem também esses tipos de sons? Ou é mais parecido com os primeiros discos nesse sentido?

KB: Eu acho que a metade do álbum que gravamos primeiro é o próximo capítulo, continuando do False Alarm. E a outra metade foi uma espécie de híbrido, que remete a algo antigo que fazíamos, mas de um jeito modernizado que gostamos e que faz sentido com onde estamos agora. “Wonderful Life” é uma dessas músicas.

Então com certeza ainda tem bastante da sonoridade disco, e algumas músicas que vão pra caminhos bem divertidos e loucos. Tem uma variedade bem legal.

MS: Aliás, o último álbum de vocês teve algumas surpresas, como a faixa “Nice to See You”, que tem um verso do rapper Open Mike Eagle. Tem alguma música inesperada assim no disco novo?

KB: Com certeza tem algumas coisas bem diferentes ali. Vamos ter que esperar pra ver o que as pessoas vão achar!

MS: Para os shows, vocês já tem alguma ideia de quais músicas novas não vão poder faltar?

KB: Com certeza vamos tocar “Wonderful Life” e o próximo single. É engraçado, porque são quase dois lados diferentes do cérebro. Algumas das músicas do disco só existem como gravação no estúdio, e aí eventualmente nós pensamos, “como é que vamos tocar isso ao vivo?” Temos trabalho pela frente pra ter certeza que vão funcionar.

MS: E eu sei que vocês acabaram de vir pra cá, mas podemos esperar mais uma vinda de vocês pro Brasil com o disco novo?

KB: Nós voltaríamos pro Brasil todo mês se desse, realmente gostamos muito daí! Talvez ano que vem? Vamos ver, eu espero que sim!