Texto por: Yannick Sasaki

Com todo o burburinho que o emo revival vem trazendo, a Fresno é uma das únicas bandas da cena que nunca precisou passar por esse processo, tendo shows cada vez mais memoráveis, com sold outs por onde passa e sempre se reinventando com toda criatividade que Lucas Silveira, Gustavo Mantovani e Thiago Guerra entregam para os fãs, que como eu, acompanham essa banda desde a adolescência.

A noite de sábado, 4, foi iniciada com gritos contra o desgoverno atual, o público já gritava “Ei, Bolsonaro vai toma no c*” antes da banda subir ao palco, e um pouco antes da Fresno subir ao palco, qualquer luz ou projeção no telão da Audio, o público, cheio de rostos conhecidos, já mostrava que a noite seria de muita troca de amor entre a banda e seus fãs, entoando gritos para cada membro e também elogiando a banda gaúcha; como se fossem uma torcida organizada. Uma maré viva.

A banda foi pontual e subiu ao palco no horário combinado, com uma intro que usa a canção “Essa Coisa (Acorda-Trabalha-Repete-Mantém)”, presente no último álbum de estúdio do grupo, lançado em 2021. Vou Ter Que Me Virar é um disco que mostra muito a evolução constante que a Fresno se mantém, sempre trazendo músicas cheias de identidade, abordando temas que são mais do que necessários e cantando palavras que encaixam na vida da maioria que lotou a Audio. 

A faixa que nomeia o disco Vou Ter Que Me Virar foi a segunda da noite. A canção tem todo aquele tempero emo que nós já conhecemos, mas entrega junto os synths dançantes e a voz de Lucas Silveira, que no último sábado estava em sua melhor forma ao vivo, alçando os berros e falsetes de forma natural. Para quem acompanha a banda a mais de 20 anos fica nítido a evolução vocal do frontman da banda gaúcha. 

Visivelmente recarregado pela energia que os fãs entregaram, Vavo disse “Já tocamos aqui, mas é sério, nunca pareceu tão cheio” enquanto Lucas fez discursos agradecendo e engrandecendo o público e com um sorriso no rosto disse: “Depois de 23 anos, vivemos o maior momento de nossa história”. Antes de saírem do palco a banda tocou o single “Casa Assombrada”, música que soa como uma sessão de terapia, cheia de mensagens de autoconhecimento.

O público pedia mais e não se calou até a volta da banda para tocar a apoteótica “Revanche”, faixa que intitula o álbum lançado em 2010. Desde o primeiro acorde até o último, os fãs gastaram toda energia que ainda restava pulando, abrindo uma roda-punk gigante no centro da pista e cantando junto cada verso.

Uma banda com 23 anos de estrada que continua a ter um público cada vez maior, mais fiel e que não parece perder a inspiração em momento algum, a Fresno é certamente uma das bandas em atividade no país que tem mais identificação com seus fãs, sempre se atualizando sem deixar a sua origem e seus ouvintes mais longínquos de fora.

LEIA TAMBÉM: Bullet Bane ao vivo prova que o hardcore nacional está vivo, respirando e batendo cabeça

Tags:
Categorias: Coberturas Notícias