Em 2022, tudo que o povo brasileiro quer é esperança. Com o período eleitoral se aproximando e cada um de nós ainda vivendo sob a cauda de uma pandemia devastadora, olhar para o futuro parece bem mais acalentador que olhar para o passado, e em seu novo álbum de estúdio, Maglore explora essa perspectiva mais positiva que escolhemos enxergar no horizonte.

Em V, a banda que surgiu em 2009 como um nome do indie rock, dá um mergulho profundo em vários outros gêneros musicais, deixando sua música mais solar e energizante – tem MPB, rock, indie, metais e muita criatividade para construir uma atmosfera mais tropical e favorável a grandes recomeços.

Iniciado antes do período pandêmico, o quinto álbum de estúdio da Maglore (que recebe seu nome do numeral romano) teve tempo para ser maturado ao longo dos últimos dois anos e receber os cuidados necessários para se tornar o trabalho mais ousado e também mais seguro de si que a banda já apresentou até então. O momento do lançamento também foi cuidadosamente escolhido. “Seguramos para 2022; em 2021 era meio impossível sermos honestos em dizer às pessoas para terem esperança num país que mal tinha vacina direito,” comenta Teago Oliveira em entrevista ao Estado de Minas.

Iniciando o disco com “A Vida É Uma Aventura”, Maglore traz uma mensagem de fé no futuro e também esperança de que o tempo não está perdido. “Cada segundo em cada lugar / Tem sangue e cachaça pra gente brindar / Cada minuto é um ‘amanhã’ / Pra se subverter / E sempre será”, inicia a canção. O refrão, entretanto, é uma celebração da sobrevivência e um respiro em meio às dificuldades: “A gente envelheceu / A gente superou / Cada momento em que / A vida foi mais dura”.

V segue contando histórias de amor e esperança que são boas de serem ouvidas no pós-pandemia. “Amor de Verão”, “Outra Vez” e “Amor Antigo” são canções românticas para adocicar o coração, enquanto “Espírito Selvagem” celebra a liberdade do ser e “Para Gil e Donato” encerra o álbum com uma sensível homenagem a Gilberto Gil e João Donato. A Maglore não se esquece, porém, de suas críticas e comentários político-sociais, que se fazem presentes em “Eles” e “Revés de Tudo”, e as reflexões do cotidiano por vezes esmagador em “Medianias”.

Em meio a cartas de amor e mensagens de esperança, Maglore incentiva uma dose modesta de otimismo com responsabilidade e total consciência de que a realidade atual ainda não nos permite a felicidade plena. A mensagem passada é que o importante mesmo está nos detalhes, mesmo que o quadro geral ainda pareça bastante feio e desesperador. Apesar das incertezas, o recado que fica é que ainda há no mundo razões para viver e aguardar um novo dia de sol.