Formada em 2016, a banda paulista O Grilo é um nome relativamente novo, porém em ascensão na cena independente nacional. Sua música é reconhecível especialmente pela intersecção criativa de diversos gêneros e elementos, passando principalmente pelo indie rock, pop e MPB.

Em 2021 eles lançaram seu primeiro álbum, intitulado Você Não Sabe De Nada, e em agosto de 2022 apresentaram o EP Cajueiro – um projeto que serve como uma extensão da parceria do grupo com a empresa de benefícios corporativos Caju. Agora eles se preparam para tocar pela primeira vez no Rock In Rio, se apresentando no dia 08 de setembro, às 18h30 no Palco Supernova. 

Em entrevista para o Mad Sound, O Grilo entrou em detalhes sobre todas essas novidades, começando por sua parceria com a Caju, que além de render o jingle “Bom para Caju” também proporcionou a criação das duas novas músicas: “Cajueiro” e “Pelo Gosto Que As Notas Deixam Na Boca”.

“A gente quis expandir para várias outras coisas, então propomos fazer músicas do O Grilo que tivessem de alguma maneira uma intersecção de valores e um relacionamento com a marca,” explica o baterista Lucas Teixeira

Enquanto “Pelo Gosto Que As Notas Deixam na Boca” tem um teor mais singelo e delicado, “Cajueiro” é uma faixa alegre e expansiva com influências do samba rock, misturando trompetes, tambores e até um solo de guitarra a la Santana. Segundo o vocalista Pedro Martins, a composição das faixas se deu de forma muito rápida, com ambas ficando prontas em menos de um mês, o que “botou à prova” uma habilidade que O Grilo já desenvolvia, que era a de estar sempre compondo.

“Cajueiro” surgiu de um trocadilho que brinca com um dos itens da Caju, que é um vale-refeição que pode ser usado de outras formas, como vale-transporte e até mesmo em shows e farmácias. A composição se inspira nisso para falar sobre a versatilidade do cajueiro, que além de planta também é fruta e flor, e traça um paralelo com a fluidez das próprias pessoas. Já “Pelo Gosto Que As Notas Deixam Na Boca” brinca com o sentido do paladar e tem um arranjo mais romântico e não tão complexo quanto sua faixa-irmã.

“Mesmo que seja um tipo de composição mais simples, acho que o desafio para fazer essa [música] às vezes é maior que pra fazer ‘Cajueiro’, que tem mais elementos,” comenta Pedro. “A simplicidade, apesar de ser algo que O Grilo gosta muito, é algo que a gente sabe fazer mas que ainda deixa a gente encucado [risos].” Lucas complementa: “Às vezes a gente quer enfiar um álbum inteiro dentro de uma música só”, ao que o guitarrista Felipe Martins esclarece: “Viciados em produção musical”.

Eles garantem que não brigam no estúdio, mas que enfrentam algumas dificuldades por serem “muito democráticos” e quererem sempre testar as ideias que são apresentadas. “Às vezes a música tem dois minutos e a gente tá trabalhando nela há duas horas. Não é que a gente briga, mas no final tá todo mundo meio frito, sem saber o que fazer, então a gente decide dar uma ‘jiboiada’ e voltar na semana que vem”, explica Pedro. 

A parceria com a Caju rendeu também uma live session d’O Grilo acompanhada de um mini documentário. Além de apresentar as duas músicas do EP, a banda também tocou o single que foi lançado este ano, “Pra Você Gostar De Mim”. “A gente tem uma mania de trabalhar nas músicas ao vivo de uma maneira diferente do estúdio,” conta Felipe. “A gente mexe em algumas coisas em questão de estrutura, de deixar mais tempo cantando. As músicas ganham uma roupagem diferente e fica bem legal ao vivo. A gente valoriza bastante a banda.”

Eles se mostram bastante empolgados com a participação que está por vir no Rock In Rio, mesmo enfrentando o desafio de apresentar um set de apenas 20 minutos no Palco Supernova. O tempo pode parecer um inimigo, especialmente quando a missão é tentar convencer o máximo de pessoas possível a parar para ouvi-los e conhecer a banda, mas eles se sentem confiantes no show que montaram.

“Como a gente tem pouco tempo de se mostrar, queremos botar todas as melhores partes, jogar lá em cima e chegar com bastante força. Queremos pegar todos os pontos altos dos blocos que a gente faz no show normal e tentar resumir em 20 minutos,” conta Pedro.

O Rock In Rio não é o primeiro grande festival a receber O Grilo. Em 2019, eles se apresentaram no Lollapalooza Brasil, o que foi a realização de um grande sonho, mas que também os deixou com uma certa dúvida sobre o que poderia vir a seguir, já que eles já tinham feito algo tão grande logo no início da carreira.

“Antes do Lolla, nós fazíamos shows em palcos muito pequenos, então a gente ainda estava entendendo as coisas,” diz Pedro. “Em termos de palco, a gente tem muito mais experiência hoje do que tinha na época do Lolla, e o Lolla inclusive ajudou muito a gente a pegar mais experiência com isso. Pintou essa crise existencial na época e eu acho que ela se resolveu no momento em que a gente começou a entender mais efetivamente o palco.”

Em relação ao Rock In Rio, Pedro afirma que os integrantes se sentem muito mais seguros daquilo que querem entregar e também um pouco mais preparados, apesar de saberem que a ocasião trará muitas surpresas. “A diferença é que naquela época a gente não entendia bem como fazer as coisas e o tempo de preparação era bem menor. Foi uma série de fatores que a gente precisou viver para estar indo para essa nova experiência mais certos do que queremos entregar.”

“No Lolla, nós tivemos aquele momento de bater no teto,” completa Felipe. “Chegamos no topo da montanha-russa e depois disso não tinha mais nada. A gente ficou muito aflito. Tínhamos poucos shows, mas aí foi quando começamos a abrir para a Supercombo, o que também foi ótimo. Acho que o mais legal do Rock In Rio é que a gente consegue ver que não tem só ele para acontecer esse ano.”

Para além do Rock In Rio, O Grilo tem datas em turnê ao redor do Brasil pelo resto do ano, inclusive no Palco Rockambole, um festival organizado pelo selo do qual eles fazem parte. Pelo restante do ano eles querem aproveitar o ciclo advindo do Você Não Sabe De Nada para “se jogar nos frutos que o álbum deu” e pretendem se recolher por um tempo novamente em 2023 para trabalhar em novos projetos. “Vai ser o ano da gente voltar a olhar para si mesmo e voltar a fazer coisas das quais nós quatro fazemos parte,” diz Lucas. “Estamos com muita vontade de voltar um pouco a nós quatros e voltar a fazer um álbum que conte uma história bem Grilo.”